Sábado, 20 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Brasil Mais de 70% dos estudantes que tiraram as mil maiores notas no Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, são meninos.

Compartilhe esta notícia:

Desempenho é pior em Matemática e Ciências da Natureza. (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)

Mais de 70% dos estudantes que tiraram as mil maiores notas no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) são meninos. No entanto, as meninas são maioria entre os candidatos. Dados mostram ainda que o total de jovens do sexo masculino se sai melhor nas quatro áreas cobradas pela mais importante avaliação do País. A maior diferença está nos exames de Matemática e Ciências da Natureza.

Os resultados indicam também disparidade de desempenho entre as raças. Garotas negras (pretas e pardas), que são a maior parte dos inscritos no Enem, representam só 6% das notas mais altas. O meninos brancos são quase 50% dessa “elite” da prova e 15% dos candidatos.

Os números são de 2016 e se referem à parte objetiva do exame, que inclui ainda Ciências Humanas e Linguagens. As notas gerais de 2017 – que não permitem esse detalhamento – devem ser divulgadas na quinta-feira. O total considerado é de 4,8 milhões de candidatos. Foram excluídos os treineiros e os que tiveram nota zero em alguma área. Foram verificados também os mil melhores dos dois anos anteriores do Enem e o padrão se repete.

Esse grupo tem perfil semelhante. As idades variam entre 17 e 19 anos, a maioria estudou em escolas particulares e possui renda familiar acima de R$ 10 mil. Todos tiraram nota maior que 781,68, em uma escala que vai de 0 a 1.000. “Seria de se esperar que pelo menos no grupo dos mil, extremamente selecionado, as diferenças diminuíssem. E as 500 melhores meninas se equiparassem aos melhores 500 meninos”, diz a presidente do Movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz.

A análise das notas do grupo todo que fez o Enem mostra que mesmo entre os brancos há diferença de desempenho. Em Matemática, a nota de meninos brancos é 52 pontos maior que a de meninas brancas. Com relação às negras, são 81 pontos. Os jovens negros também têm desempenho melhor em Matemática e em Ciências da Natureza do que as brancas e as negras.

Independentemente da raça, homens têm nota 41,8 pontos superior às mulheres em Matemática e 24,3 em Ciências da Natureza, que inclui Física, Química e Biologia. Como a média do Enem é de 500 pontos, a quantidade é considerada significativa por estatísticos. Em Ciências Humanas há diferença de 21,6 pontos no geral, mas o desempenho das meninas é puxado para baixo pelas negras, já que as brancas têm até nota mais alta do que os homens negros. O padrão de notas mais altas dos homens se repete no Enem de 2014 e 2015.

Fatores sociais e culturais explicam o pior desempenho das mulheres especialmente em Matemática e Ciências da Natureza.

“A explicação não deve ser buscada na Biologia, embora cérebros de homens e mulheres não sejam iguais. Mas isso não afeta a cognição, em áreas do raciocínio lógico, muito menos na inteligência”, diz o professor titular de neurociência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Roberto Lent. Para ele, o que mais influencia são as posições da família e os estereótipos da sociedade.

Os resultados do Pisa, maior exame internacional do mundo, feito pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), mostram que a disparidade nas notas é comum também em outros países. A prova avalia estudantes de 15 anos em cerca de 70 países. Meninos se saem melhor do que meninas em exames de Matemática e Ciências na maioria deles.

O Pisa pesquisa a questão de gênero na educação com questionários aos alunos. Relatórios recentes mostram que as meninas dizem confiar pouco em suas habilidades em Matemática e se sentir menos motivadas a estudar a área. Nos países em que há grande diferença de nota em Ciência, as garotas também se acham menos eficientes.

Ao questionar os pais dos estudantes, o Pisa também constatou que eles têm mais expectativa com relação aos filhos do que em relação às filhas para que trabalhem em áreas como Matemática, Tecnologia e Engenharia.

No entanto, países como Finlândia, Suécia, Rússia e Estados Unidos não apresentam mais as diferenças de desempenho em Matemática entre meninos e meninas que ocorriam no começo dos anos 2000. Segundo Schleicher, isso aconteceu porque essas nações deram atenção à questão da desigualdade e passaram a oferecer programas especiais para as meninas nessas áreas.

Brinquedos

“A escola brasileira produz desigualdades. Ela acolhe o padrão de desigualdade e ainda tem o efeito perverso de entregar, no fim da educação básica, com mais desigualdade ainda”, diz o superintendente executivo do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques.

Para Henriques, os estereótipos também são produzidos em casa. “Vai desde a primeira infância, com jogos e brincadeiras diferentes para meninos e meninas, que inibem a performance das jovens.” Brinquedos como blocos de montar e jogos de raciocínio acabam sendo mais direcionados aos meninos, enquanto as meninas ficam com as bonecas.

tags: educação

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

O ministro Gilmar Mendes foi hostilizado por brasileiras em Portugal
Durante o julgamento de Lula, em Porto Alegre, a sua defesa dirá que o juiz Sérgio Moro não tinha competência para tocar o caso
https://www.osul.com.br/homens-tem-72-das-mil-melhores-notas-do-enem-maioria-na-prova-mulheres-seriam-afetadas-por-fatores-sociais-e-culturais/ Mais de 70% dos estudantes que tiraram as mil maiores notas no Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, são meninos. 2018-01-14
Deixe seu comentário
Pode te interessar