Quinta-feira, 18 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 28 de agosto de 2018
O Hospital Beneficência Portuguesa, em Porto Alegre, retomou o atendimento ao público nesta terça-feira (28). A notificação de liberação para o funcionamento do pronto-atendimento/emergência foi emitida pela Vigilância em Saúde na segunda-feira (27).
Segundo a prefeitura, a medida era essencial para liberar o pronto-atendimento. “Além do local, o hospital está habilitado a manter o funcionamento da unidade de internação do quarto andar. Pendências que ainda existem junto à Vigilância em Saúde poderão ser atendidas pela administração do Beneficência Portuguesa com o hospital aberto”, afirmou o coordenador-geral da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, Anderson Lima.
Essas pendências não impactam no atendimento aos pacientes. A liberação também considerou os contratos apresentados pela associação mantenedora do hospital. A instituição de saúde conta atualmente com serviços terceirizados no laboratório de análises clínicas, radiodiagnóstico, nutrição e dietética e central de material e esterilização.
Crise financeira
A Associação Beneficente São Miguel assumiu a administração do hospital pelos próximos cinco anos após uma crise financeira na instituição de saúde. Desde novembro de 2017, o Beneficência corria o risco de fechar as suas portas devido a uma grave crise financeira. O Simers (Sindicato Médico do RS), junto com outros setores da sociedade, personalidades e parlamentares, promoveu uma campanha para salvar o Beneficência e garantir a manutenção dos seus 187 leitos.
Foi lançada uma campanha pública em prol do hospital, visando engajar a população, lembrando da mobilização dos anos de 1980 para impedir a falência da Santa Casa, com a liderança do arcebispo Dom Vicente Scherer. Personalidades como Luis Fernando Verissimo, Martha Medeiros, Jorge Furtado e Lauro Quadros emprestaram as suas imagens para a campanha nos veículos de comunicação e redes sociais.
Foi realizada uma audiência na Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores de Porto Alegre para debater a situação do hospital e defender que as soluções dependiam de uma mobilização irrestrita. Depois, a Frente Parlamentar de Defesa do Hospital Beneficência Portuguesa foi lançada em cerimônia no Museu de História da Medicina do RS, além de ter sido dado início à busca por apoio por parte dos senadores gaúchos.
Em janeiro deste ano, a rede Panvel aderiu à campanha, contemplando o hospital com o Troco Amigo, que permite a doação de qualquer quantia do troco das compras de clientes para a instituição. Mais tarde, em fevereiro, o grupo conquistou mais um apoio para a mobilização: o Ministério da Saúde confirmou que Hospital Sírio-Libanês faria consultoria no Beneficência.
No mês de março, o Banco de Alimentos do Estado doou 30 cestas básicas ao grupo de funcionários da instituição, ajudando-a a manter as portas abertas. Além disso, no decorrer da mobilização, a Santa Casa prestou um importante apoio ao fornecer 50 refeições por dia aos funcionários do Beneficência. Em abril, o Sindilei (Sindicato dos Leiloeiros Oficiais) e a Fecomércio-RS promoveram um leilão beneficente para arrecadar recursos para a instituição.
O Sírio-Libanês entregou em maio um relatório apontando os caminhos para manter o funcionamento do Hospital Beneficência Portuguesa e também foi divulgada a existência de uma instituição interessada em assumir a operação plena do hospital. Finalmente, em julho, foi assinado o contrato para a retomada das atividades do Beneficência.