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Por Redação O Sul | 10 de julho de 2017
O hospital infantil britânico Great Ormond Street anunciou nesta sexta-feira (7) que reavaliará novas possibilidades para tratar um bebê gravemente doente após as intervenções do papa Francisco e do presidente americano, Donald Trump.
O hospital londrino tinha previsto deixar de manter o bebê Charlie Gard vivo após uma decisão da Justiça contra à qual os pais se opuseram. Charlie tem 10 meses e sofre de uma doença genética rara e terminal.
“Dois hospitais internacionais e seus pesquisadores nos indicaram nas últimas 24 horas que havia novos elementos para o tratamento experimental que propuseram”, explicou o hospital em um comunicado.
“Consideramos, assim como os pais de Charlie, que é justo explorar esses elementos”, acrescentou.
O hospital disse que solicitou a um tribunal britânico “uma audiência sobre o caso de Charlie Gard à luz do anúncio de novos elementos relacionados a um possível tratamento de sua doença”. “Não é uma questão de dinheiro ou de recursos, trata-se unicamente do que é justo para Charlie”, acrescentou a instituição.
O hospital afirmou que os seus médicos “testaram todos os tratamentos médicos” e que outro tratamento “seria injustificável […] e prolongaria o sofrimento de Charlie”. “Nosso ponto de vista não mudou”, acrescentou.
“Acreditamos que seja justo contar com a opinião da Alta Corte sobre os supostos novos elementos”. Espera-se que a audiência aconteça na segunda-feira, de acordo com a agenda da Alta Corte.
Em abril, um tribunal britânico afirmou que os médicos deveriam interromper o tratamento que mantinha Charlie Gard vivo – ele sofre de uma rara doença genética e seu cérebro está muito prejudicado.
O TDH (Tribunal Europeu de Direitos Humanos) ratificou a decisão. Os pais do bebê de 10 meses lutam para que o seu filho possa receber tratamento nos Estados Unidos.
O tribunal decidiu que manter o bebê vivo somente prolongaria o seu sofrimento. A doença mitocondrial que o atinge deteriora os tecidos musculares.
O Papa Francisco deu o seu apoio aos pais do bebê em suas tentativas de transferir o menino, enquanto o presidente Trump ofereceu ajuda.
Entenda a polêmica
Charlie sofre de síndrome de miopatia mitocondrial, uma síndrome genética raríssima e incurável que provoca a perda da força muscular e danos cerebrais. Ele nasceu em agosto de 2016 e, dois meses depois, precisou ser internado, onde permanece desde então, no Hospital Great Ormond Street, em Londres.
O serviço de saúde pública do Reino Unido (NHS) explicou que Charlie tem danos cerebrais irreversíveis, não se move, escuta ou enxerga, além de ter problemas no coração, fígado e rins. Seus pulmões apenas funcionam por aparelhos.
O NHS disse que os médicos chegaram a tentar um tratamento experimental trazido dos EUA, mas Charlie não apresentou melhora. Por isso, defende o desligamento dos aparelhos que o mantêm vivo.
Mas seus pais, Chris Gard e Connie Yates – e uma comunidade de apoiadores -, lutam contra a decisão do hospital e pedem permissão para levar o bebê aos Estados Unidos para receber o tratamento experimental diretamente.
No dia 27 de junho, entretanto, eles perderam a última instância do pedido na Justiça britânica.
No domingo, após a decisão, o papa Francisco pediu que os pais de Charlie possam “tratar de seu filho até o fim”. O Vaticano disse que o papa estava acompanhando o caso “com carinho e tristeza”.
Num comunicado divulgado pela instituição, o papa expressou condolências aos pais de Charlie, dizendo que reza por eles, “na esperança de que seu desejo de acompanhar e cuidar de seu próprio filho até o fim não seja ignorado”.
O hospital pediátrico do Vaticano inclusive se ofereceu para assumir o tratamento do bebê, mas razões legais impediriam a transferência.
Nesta semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também se manifestou sobre o caso pelo Twitter, dizendo que gostaria de ajudar Charlie a receber tratamento.
“Se pudermos ajudar o pequeno #CharlieGard, como nossos amigos no Reino Unido e o papa, ficaríamos felizes de fazê-lo”, escreveu Trump.
A repercussão internacional do caso fez com que a premiê britânica, Theresa May, se manifestasse na quarta-feira (5). Ela disse confiar que o hospital onde Charlie está internado “levará em consideração quaisquer ofertas ou novas informações” que possam beneficiar o bebê.
Chris Gard e Connie Yates se disseram “decepcionados” com o resultado da longa batalha judicial. Eles chegaram a arrecadar 1,3 milhão de libras (R$ 5,5 milhões) num site de financiamento coletivo para custear o tratamento nos Estados Unidos e disseram que iriam doar o dinheiro a uma ONG voltada para a síndrome de miopatia mitocondrial se Charlie não se beneficiar do dinheiro. (AG)