Sábado, 20 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 2 de setembro de 2018
Nesse fim-de-semana, depois de passar várias horas em filas, na tentativa de sacar em dinheiro nos bancos os valores referentes às suas suas aposentadorias, dezenas de idosos da Venezuela decidiram protestar. Eles bloquearam ruas em diversas cidades do país.
O presidente Nicolás Maduro havia anunciado que pagaria no sábado uma parcela da pensão, cujo valor aumentou em 4,2%. Essas declarações confundiram muitos idosos, que pensaram que os bancos abririam.
“O presidente disse que iriam pagar hoje e eu vim de Los Teques (arredores de Caracas) e acontece que não é verdade. Sai de casa sem tomar café da manhã”, lamentou Cecilia Montañés, 74 anos.
Alguns motoristas ficaram aborrecidos com os bloqueios e tentaram passar pela força. Um homem saiu de seu veículo para discutir com os idosos que, alterados, o agrediram.
Pequenos protestos foram registrados em diferentes áreas de Caracas e em estados como Zulia, Lara (Oeste) e Bolívar (Sul).
Embora os aposentados tenham recebido em suas contas, muitos foram aos bancos para sacar dinheiro em espécie, que, escasso na Venezuela, é cobiçado pelos comerciantes. Produtos básicos são vendidos até pela metade do preço se pagos em dinheiro.
Por meio de uma postagem em sua conta no Twitter, ele detalhou que pagaria 25% da aposentadoria, o que representa 450 bolívares soberanos (US$ 7, de acordo com o câmbio oficial).
Diante da confusão, o vice-presidente da área econômica, Tarek El Aissami, recorreu à emissora estatal VTV para reiterar que o governo nunca havia anunciado que a aposentadoria já poderia ser sacada nos bancos no sábado.
O aumento da aposentadoria e do salário mínimo (o último em 3.400%) é parte de um programa de reformas econômicas impulsionadas pela Maduro, em meio a uma hiperinflação que poderia fechar em 1.000.000% este ano, de acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Energia elétrica
Também nesse fim-de-semana, várias zonas do Estado de Zulia, no Noroeste da Venezuela, voltaram a ficar sem eletricidade devido a um suposto problema técnico, informou o ministro da Energia Elétrica, Luís Motta Dominguez, assegurando que o problema seria reparado dentro de poucos horas.
Os operadores da empresa estatal Corpoelec (Corporación Eléctrica Nacional) já foram enviados ao local para “reparar a avaria”, acrescentou Motta Domínguez. De acordo com os meios de comunicação locais, a avaria elétrica aconteceu após o registro de uma explosão em subestação elétrica na sexta-feira.
Zulia, que faz fronteira com a Colômbia, foi declarado em estado de emergência pelo parlamento, onde a oposição tem maioria, por causa das constantes avarias elétricas e problemas em outros serviços públicos.
Em agosto, a capital do Estado, Maracaibo, passou uma semana sem luz na sequência de um incêndio em depósitos situados na ponte Rafael Urdaneta, a principal via de comunicação da região.
O governo atribui a maioria dos problemas com a eletricidade a alegadas “sabotagens”, mas a oposição e os peritos dizem que o problema se deve a falta de manutenção. Na sexta-feira, as autoridades venezuelanas anunciaram a detenção de 12 pessoas por suspeita de envolvimento em ataques desse tipo.