Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 13 de julho de 2019
Integrantes do Palácio do Planalto avaliam que o presidente Jair Bolsonaro soltou um “balão de ensaio” ao confirmar, em entrevista coletiva à imprensa, que cogitava indicar um dos seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para a embaixada brasileira nos Estados Unidos. Para os auxiliares, Bolsonaro divulgou a informação para testar a receptividade da ideia de ter o 03, como chama o terceiro dos seus herdeiros, em um dos postos mais importantes da diplomacia brasileira.
Após a repercussão, o chefe do Executivo, segundo assessores, tenta medir a extensão de um possível desgaste político e também uma eventual contestação da indicação na Justiça. O resultado desta análise pode fazê-lo recuar da sua intenção. Para estes mesmos auxiliares técnicos, neste momento, o declínio da ideia “parece o mais provável”, embora admitam que o presidente “sempre pode surpreender.”
Na manhã de sexta-feira (12), o presidente se reuniu por 20 minutos com os ministros Jorge Oliveira, chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, e André Luiz de Almeida, da AGU (Advocacia-Geral da União). Os dois são considerados os principais conselheiros de Bolsonaro na área jurídica. A assessoria da Secretaria-Geral negou que o tema da reunião tenha sido a indicação de Eduardo.
Na avaliação de duas fontes do Planalto, Bolsonaro tem o costume de antecipar anúncios para poder avaliar como suas iniciativas serão interpretadas e, só depois de medir a temperatura, passa aos debates para verificar a viabilidade de suas propostas.
A hipótese de indicar Eduardo para embaixador em Washington, relata um assessor, era comentada há meses, mas não havia nenhum indicativo de que Bolsonaro concretizaria a ideia. Ao confirmar à imprensa que cogitava a indicação de Eduardo, o presidente surpreendeu até mesmo os seus auxiliares mais próximos.
O ministro Luiz Eduardo Ramos, da Segov (Secretaria de Governo), admitiu na sexta-feira em café com jornalistas, que o presidente poderia ter esperado ao menos uma semana para anunciar a possível indicação do filho para evitar a repercussão em meio à votação da reforma da Previdência na Câmara.
Porém, Ramos justificou que, neste momento, o presidente manifestou apenas a intenção de indicar o filho e citou como exemplo de outras declarações que não se concretizaram a ideia de transferir a embaixada em Israel para Jerusalém. “Meu amigo Bolsonaro tem esses momentos. Vou citar a famosa “vou levar embaixada pra Jerusalém”. Eu pergunto: hoje está onde? Em Tel Aviv. Ele manifestou uma intenção”, observou.
Opção a Olavo de Carvalho
A indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a Embaixada dos Estados Unidos era defendida pela ala ideológica nos bastidores desde a transição do governo, no final do ano passado. A hipótese, no entanto, começou a ganhar força durante a viagem do presidente Jair Bolsonaro, em março, a Washington, nos Estados Unidos, quando se reuniu com o presidente americano Donald Trump, na Casa Branca.
Eduardo surgiu como uma alternativa defendida pelo grupo ligado ao ideólogo de direita Olavo de Carvalho. A primeira opção seria indicar o próprio ideólogo, que teria pedido para retirar o nome da “bolsa de apostas.” Mas após o deputado ser elogiado por Trump, Bolsonaro se convenceu de que nomear o próprio filho, mirando nas boas relações com os Estados Unidos, poderia ser uma boa ideia.