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Saúde Injeção contra o câncer está custando 90 mil reais

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Como sistemas públicos de saúde e convênios vão absorver medicamentos de alto custo é ainda uma pergunta em aberto. (Crédito: Reprodução)

É no tratamento de câncer que as farmacêuticas concentram seus esforços. O problema: os preços dos medicamentos estão se tornando inacreditavelmente altos. Veja o caso da droga Yervoy, da americana Bristol-Myers Squibb, aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 2012. Eficiente contra o melanoma, um tipo grave de câncer de pele, o medicamento é pioneiro na área que é a atual menina dos olhos dos pesquisadores de câncer: a imuno-oncologia, que tenta utilizar o fortalecimento do próprio sistema imunológico do paciente para combater o tumor. Uma única injeção custa 30 mil dólares (cerca de 90 mil reais). Como o tratamento tem quatro doses, o custo total é de 120 mil dólares (360 mil reais).

Tais preços têm se tornado mais comuns conforme a oncologia caminha para o desenvolvimento de medicamentos que permitem que a quimioterapia seja substituída por ataques mais diretos ao tumor, resultando em tratamentos menos agressivos.

Todas as grandes farmacêuticas estão nesse jogo. A última estimativa da consultoria IMS Health apontava mais de 500 medicamentos contra o câncer em processo de desenvolvimento – cinco vezes mais do que o segundo lugar, que é dos remédios para diabetes.

No mercado americano, a imuno-oncologia já tem outros dois produtos: o Keytruda, da Merck, e o Opdivo, da Bristol-Myers Squibb, os dois também contra o melanoma e aprovados há poucos meses. A expectativa da indústria é conseguir expandir o uso dessa linha de drogas para outros tipos de câncer.

No encontro anual da Asco, a Sociedade Americana de Oncologia Clínica, em Chicago (EUA), pesquisadores mostraram que o Opdivo também é útil contra o câncer de pulmão: pacientes que receberam a droga sobreviveram em média 12,2 meses, contra 9,4 meses entre os tratados com quimioterapia. São menos de três meses a mais, mas os pesquisadores ressaltaram que os efeitos colaterais também foram muito menores.

Um sonho de consumo das empresas hoje é fazer patentes ligadas às proteínas PD-1 e PD-L1. Acredita-se que, no corpo humano, elas debilitem o sistema imune, que não consegue atacar o câncer. No congresso, mais de 450 trabalhos envolvendo tentativas de desativar essas proteínas foram apresentados. Em diferentes estágios, apresentaram estudos nessa linha na Asco de 2015 Roche, Novartis, Merck, Bristol-Myers Squibb e AstraZeneca, entre outras. Os produtos que eventualmente saírem daí tendem a custar milhares de dólares a unidade.

Mais caro que ouro.

A questão foi abordada em uma sessão do encontro da Asco. O médico Leonard Saltz, do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova York (EUA), questionou o fato de o miligrama das novas drogas ser “mais caro que ouro”. “Isso é insustentável. Os preços dos medicamentos não estão ligados ao valor deles em si, mas ao que os departamentos de vendas acreditam que o mercado vai suportar”, afirmou Saltz. Ele calculou que, a esses preços, tratar os pacientes com estágios avançados de câncer nos EUA custaria 174 bilhões de dólares por ano (mais de 500 bilhões de reais). Em comparação, o orçamento do Ministério da Saúde brasileiro para 2015 é da ordem de 90 bilhões de reais.

É difícil calcular o “preço justo” de um medicamento. Em 2014, o Yervoy rendeu 1,3 bilhão de dólares à Bristol-Myers Squibb no mundo inteiro. No mesmo ano, a companhia gastou 4,5 bilhões de dólares com pesquisa e desenvolvimento. O faturamento total da empresa foi 15,9 bilhões de dólares.

A indústria alega ainda que só uma pequena fatia dos potenciais medicamentos pesquisados de fato se transforma em um produto comercialmente viável – ou seja, o preço dos remédios que deram certo também serve para bancar os que deram errado.

É ainda uma pergunta em aberto como sistemas públicos de saúde e convênios vão absorver tais medicamentos de alto custo – o envelhecimento da população e o aumento de casos de câncer devem complicar o cenário. Os especialistas apontam que, no Brasil, há grande risco de haver a judicialização da questão – ou seja, quem tem acesso à Justiça, em geral os mais ricos e instruídos, abrirá processos para que o governo forneça a droga.

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https://www.osul.com.br/injecao-contra-o-cancer-esta-custando-90-mil-reais/ Injeção contra o câncer está custando 90 mil reais 2015-06-05
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