Geral Israel expulsou dois artistas italianos que pintaram o retrato de uma menina palestina

Eles pintaram o rosto de Ahed Tamimi, que passou 8 meses presa após dar tapas em soldados e se tornar símbolo de resistência contra Israel. (Foto: Reprodução)

Dois artistas italianos foram expulsos de Israel após terem pintado o retrato de Ahed Tamimi, uma adolescente palestina que esteve presa pelas autoridades israelitas. Os artistas estão proibidos de regressarem ao país nos próximos dez anos. No domingo (29), os artistas italianos Jorit Agoch e Salvatore De Luise foram presos pela imagem no Muro da Cisjordânia, na zona de Belém.

O jornal “The Times of Israel” noticiou que as autoridades anularam os vistos dos dois italianos e ameaçaram expulsá-los do país, caso não abandonassem Israel “voluntariamente” nas 72 horas seguintes. Nesta segunda-feira (30) Azmi Masalha, advogado da dupla, confirmou que os italianos abandonaram o país, estando proibidos de retornarem.

Solidariedade à jovem

Masalha declarou à agência de notícias Associated Press que os artistas pintaram o mural em “solidariedade” à jovem ativista retratada. Mostrou ainda a sua estranheza pela detenção, dado que existem outras obras pintadas no muro. “Foram detidos quatro dias após terem começado esta pintura em grafiti, apesar de existir uma torre de observação do exército sob a qual estavam sendo controlados desde o primeiro dia, pelo que é interessante o porquê de este incidente [a detenção] ocorrer no quarto dia”, destacou à agência.

O advogado acrescentou à Associated Press que as autoridades não prosseguiram com acusações criminais e que funcionários diplomáticos estiveram envolvidos na libertação dos artistas. Juntamente com os dois italianos, as autoridades israelitas também detiveram um palestino, que foi libertado por não estar fortemente envolvido nas atividades dos dois artistas.

“Um modelo a seguir”

A menina retratada no mural de quase quatro metros, Ahed Tamimi, é uma adolescente de 17 anos da Cisjordânia.

Tornou-se um ícone do movimento contra a ocupação israelita na Palestina depois de esbofetear dois soldados de Israel, num vídeo que ficou viral na internet. Por essa razão foi detida durante três meses, antes de ser sentenciada a oito meses de prisão em março deste ano, como explica o jornal Haaretz. Tamini e a sua mãe, Nariman Tamimi – que também foi presa pelo incidente -, foram libertadas no domingo.

Após a sua libertação, a jovem ativista afirmou que “a resistência vai continuar até ao fim da ocupação”. Encontrou-se ainda com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, e recebeu um telefonema de felicitações do presidente turco, Recep Tayiip Erdogan.

“Ahed Tamimi é um modelo a seguir e um exemplo da luta popular da palestina pela liberdade e independência”, declarou o presidente palestino durante a recepção a Tamini. A adolescente palestina vive em Nabi Saleh, na Cisjordânia, um território que está sob controlo militar israelita.

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