Armando Burd Jogo de esgrima no 1° round

"(...) apesar de todos os crimes corporativos do Grupo Odebrecht, o acordo de leniência inaugura um novo tempo para ele", pontuou Moro. (Foto: Agência Brasil)

Curitiba tornou-se ontem cenário de um duelo de titãs. O juiz Sérgio Moro e os procuradores foram cirúrgicos. O ex-presidente Lula ressuscitou a sabedoria dos filósofos gregos: “Só sei que nada sei.”

Tratamentos distintos

A Política é um espetáculo com enredo contraditório e público garantido. Em março do ano passado, Lula disse que não precisava de condução coercitiva. Era só chamar que iria depor na mesma hora. Agora, seus advogados entraram com dois habeas corpus, um pedido de suspeição, outro de suspensão do processo e mais um de adiamento. Para dar sustentação, uma mobilização de militantes.

Caminho do desastre

O coquetel brasileiro foi de bater recorde mundial: legislações benevolentes, roubalheiras às centenas, o escárnio e a troça com a coisa pública transformada em quintal. Tudo isso envergonhou e cansou.

É preciso cobrar

Foi-se o tempo do distanciamento. Não há outra saída senão que procurar prefeitos, vereadores, deputados, senadores, secretários e governadores. Pode ser pelas formas tradicionais ou pela Internet, que se tornou aliada de quem paga impostos. É necessário levantar dados, comparar e perguntar. Quanto mais dificultarem o acesso a informações claras, mais terão a esconder. Quando isso acontece, o resto da história já se conhece.

Aprendizado

Os novos tempos levarão burocratas e ensandecidos legisladores a saírem da zona do conforto, mantida com dinheiro alheio. O passo seguinte será o conhecimento e significado da palavra mensuração e da expressão custo/benefício.

Soma de absurdos

O que mais irrita é a sucessão de medidas provisórias, leis, portarias, resoluções, instruções normativas e comunicados, que tornam um emaranhado a rotina de pessoas e empresas. Muitas não passam de amontoado de decisões não fundamentadas e regidas por quem não tem conhecimento. Dão a impressão que estudaram nos últimos cinco minutos antes da assinatura
para se vangloriar que os contribuintes não terão como escapar.

Inexplicável

O escritor O. Henry, que viveu de 1862 a 1910, foi um dos maiores contistas norte-americanos e criador da expressão república das bananas. Usou pejorativamente para classificar nações sem autonomia real, submissas a interesses externos, cujo líder do governo pouco se importa com os interesses da população, dando prioridade ao enriquecimento próprio. Por que será que o Brasil ainda não se livrou desse rol depreciativo?

Nada mudou

A 11 de maio de 1997, os jornais trouxeram como manchete: “Fernando Henrique barganha com o PMDB.” A entrega dos ministérios dos Transportes e da Justiça dependia da aprovação da emenda sobre a reeleição. Trocando o nome do presidente e lembrando projetos mais recentes, continua na mesma. Invadidos por políticos chegados a um claro oportunismo, partidos assumem abertamente a condição de reboques.

Mais próximos da realidade

A cada ano, os orçamentos são cada vez menos projeções anabolizadas. Deixam de ser filme de comédia em que mentir é o costume.

Onde está o dinheiro?

A Lei de Diretrizes Orçamentárias, examinada ontem no Palácio Piratini, é o prenúncio dos tempos que vem com chuvas e trovoadas.

Precisa de uma bússola

Um secretário estadual costuma comentar que entra em reuniões no Palácio Piratini com quatro dúvidas e sai com cinco.

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