Brasil Juiz da Operação Lava-Jato alerta sobre riscos à segurança nacional
Por Redação O Sul | 1 de agosto de 2015
O presidente licenciado da Eletronuclear, vice-almirante Othon Pinheiro da Silva, tem conhecimentos estratégicos sobre o programa nuclear brasileiro que poderiam colocar em risco a segurança nacional. O alerta foi levantado pelo juiz Sérgio Moro, que conduz os processos da Operação Lava-Jato no Paraná, e está entre as justificativas para o pedido de detenção do vice-almirante.
As atividades paralelas de Pinheiro da Silva demonstram que ele operava no fio da navalha para não ferir o estatuto da Eletronuclear, usando suas filhas para não contrariar a cartilha de regras da estatal. O conflito de interesses coloca mais em evidência a Eletrobras, controladora da Eletronuclear e cotada em bolsas estrangeiras como alvo potencial de investigações da SEC (a agência fiscalizadora do mercado de ações nos EUA).
No despacho em que expediu os mandados da 16 fase da Lava-Jato, a Radioatividade, Moro relacionou o poder das informações que Pinheiro da Silva possui com o seu suposto envolvimento em corrupção. “Como dirigente de empresa estatal nuclear, ele dispõe de dados e informações sigilosas a respeito de atividades desta natureza, sendo temerário deixá-las, sem qualquer providência cautelar, na guarda de agente público em relação aos quais há grave suspeita de envolvimento em crimes de corrupção e lavagem de dinheiro”, afirmou o juiz.
Um escândalo envolvendo a comercialização de dados sobre energia nuclear já havia surgido em 2004, quando cientistas do Paquistão admitiram que venderam tecnologia a outros países. Entre eles estava Abdul Qadeer Khan, “pai” do programa nuclear do Paquistão.
Pinheiro da Silva, o “pai” do programa nuclear do Brasil, é suspeito de receber de empreiteiras 4,5 milhões de reais para formular editais de licitação da usina Angra 3 com cláusulas restritivas à concorrência para favorecer o cartel. Por ser militar reformado, ele está preso em quartel general de Curitiba.
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