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Rio Grande do Sul Jurados devem decidir nesta quinta-feira julgamento de Ricardo Neis, acusado de atropelar ciclistas

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O réu (de costas), sustentou que se sentiu ameaçado pelos ciclistas e queria proteger o filho, que estava com ele no carro. (Foto: Cristine Fogliati/TJ-RS)

O segundo dia do julgamento do bancário Ricardo Neis, acusado de atropelar 17 ciclistas do movimento Massa Crítica, em fevereiro de 2011, em Porto Alegre, começou por volta das 9h30min desta quinta-feira (23). Ele iniciou falando sobre o trabalho como funcionário público e qual a sua função no Banco Central. Relatou que estava feliz na época do fato porque havia conseguido uma remoção para Recife, um pedido que havia feito ao chefe meses antes.

Neis contou aos jurados que naquele dia 25 de fevereiro de 2011 saiu do trabalho, pegou comida em um restaurante para ele e o filho que estava passando a semana com ele. “Almoçamos, eu dormi um pouco, estava descansado, sem ódio de ninguém. Saí de casa para levar o meu filho na casa da mãe dele, no Partenon”.

A partir deste momento, Ricardo Neis detalhou como foi o encontro com os ciclistas da Massa Crítica. “Quando chegamos na José do Patrocínio com a Perimetral, estávamos à esquerda. Cruzei a Perimetral e o pessoal de bicicleta estava saindo do largo Zumbi dos Palmares. A minha pista estava livre, mas um ciclista andava mais rápido e cruzou da direita até a minha pista e fechou o meu carro. Houve um pequeno choque, felizmente, sem gravidade, no pedal da bicicleta.”

O bancário disse que os outros ciclistas foram dar apoio ao colega e cercaram o carro e começaram a bater no veículo de forma violenta e ostensiva. “Já estava apavorado e eles protestavam muito. Baixei o vidro e disse: tudo bem? Estou vendo que é um protesto, mas não precisa fazer desta maneira porque a rua é ampla e tem lugar pra todos.” Depois disso, o réu contou que começou a andar devagar com o carro, mesmo cercado de ciclistas, que, segundo ele, continuavam batendo no veículo. “Parecia um ‘caveirão’, uma panela de pressão prestes a explodir.”

O bancário disse que não conseguiu entrar em nenhuma das ruas que atravessavam a José do Patrocínio porque estava cercado e quando estava se aproximando da rua Luiz Afonso, alguns ciclistas teriam liberado a frente e aberto a passagem. O motorista contou que ultrapassou alguns deles neste momento, mas viu que um rapaz se aproximou e com o guidão da bicicleta quebrou o espelho do carro. “Este gesto foi o estopim para os outros virem e começarem a bater de novo. Não tinha condições de ficar ali, tinha medo de ser linchado e fui procurando caminho.”

Ao narrar o momento do atropelamento, Ricardo Neis afirmou: “Foi traumático! Confesso que não achava que tinha tantos pela frente. Havia 2,3 pessoas no capô. Se eu parasse ia passar em cima deles. Algumas bicicletas ficaram presas no carro e para me livrar delas dei um leve ‘beliscão’ no freio.”

Ele seguiu o depoimento dizendo o que fez a seguir. “A primeira coisa que pensei foi largar meu filho na casa da mãe dele, mesmo com o carro ‘capenga’. Fiz um caminho diferente, entramos na garagem desesperados e já estava passando no noticiário o que tinha ocorrido. Pensei: se localizarem o carro aqui, vão invadir. Daí, me desfiz, tirei o carro dali. Passei o fim de semana febril. Sentia que meu rosto estava deformado, como um delírio de febre. Não sabia o que fazer.”

Por fim, Neis explicou que foi orientado por um advogado a prestar depoimento na delegacia e foi para o hospital Parque Belém. “Espero ter esclarecido tudo desde o início e não em trechos editados para o Conselho de Justiça julgar com base em fatos concretos e reais”, finalizou o réu em depoimento.

O réu ficou em silêncio durante a maior parte dos questionamentos da promotora de Justiça Lúcia Helena de Lima Callegari. Entre as perguntas, a promotora quis saber se ele havia retirado as placas do veículo para não ser localizado e porque ele disse estar em casa na noite do atropelamento, mas a Brigada Militar não teria o localizado.

Ele preferiu responder às indagações do Promotor de Justiça Eugênio Paes Amorim. As perguntas da promotoria foram em torno do momento do atropelamento, do período da internação de Ricardo Neis e sobre as multas que ele teve enquanto tinha habilitação de motorista.

Foi exibido um vídeo do atropelamento para que o réu apontasse quem havia lhe agredido, mas Ricardo Neis disse que não teria como fazer a identificação. “Seria uma oportunidade de mentir porque não posso ter certeza. Eu vi aquelas pessoas uma vez na vida”, explicou o bancário.

Depois de quase 4 horas, foi a vez do Advogado de defesa, Manoel Castanheira, fazer as perguntas. Ele questionou o réu sobre as funções dele no Banco Central e em quantos concursos ele já foi aprovado. Perguntou também se Ricardo Neis tinha intenção de voltar a dirigir, o que foi negado pelo réu. E para finalizar, a defesa indagou os sentimentos dele no momento do atropelamento. “O sentimento era de pavor em relação a mim e ao meu filho, que eu queria proteger”, encerrou o réu.

Nesta noite, os jurados devem decidir sobre o processo.

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