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Por Redação O Sul | 1 de agosto de 2017
O ex-presidente Lula arrolou mais de 80 testemunhas no processo que responde pelos crimes de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa no âmbito da Operação Zelotes. Entre as testemunhas está, por exemplo, o ex-presidente da França Nicolas Sarkozy.
Lula e seu filho Luiz Cláudio foram denunciados em dezembro do ano passado, junto com Mauro Marcondes e Cristina Mautoni, que arrolaram 18 testemunhas. A Justiça aceitou a denúncia e abriu o prazo para a defesa prévia.
Os advogados do ex-presidente – e de seu filho – apresentaram a lista grande de testemunhas, incluindo algumas que moram no exterior no Brasil, como nos EUA, França e Suécia.
No Ministério Público Federal, o número elevado de testemunhas é visto como tentativa do ex-presidente de postergar ao máximo a ação, evitando condenação antes das eleições de 2018.
Neste caso específico, o ex-presidente é acusado de envolvimento em suposto esquema de venda de Medidas Provisórias editadas em seu governo que favoreceu montadoras.
Além disso, ele é suspeito de envolvimento em negociações apontadas pelos investigadores como irregulares e que levaram à compra de 36 caças do modelo Gripen pelo governo brasileiro, o que explica testemunhas estrangeiras.
Lula sempre negou as acusações, dizendo que nunca interferiu na aprovação de medidas provisórias ou mesmo no processo de escolha e compra dos caças pelo Brasil.
O ex-presidente é alvo de outras ações na Justiça e recorre de condenação do juiz Sérgio Moro no âmbito da Operação Lava-Jato.
Operação Zelotes
Deflagrada no fim de março de 2015 com origem em uma carta anônima entregue em um envelope pardo, a Operação Zelotes da PF (Polícia Federal) investiga um dos maiores esquemas de sonegação fiscal já descobertos no País.
Suspeita-se que quadrilhas atuavam junto ao Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), órgão ligado ao Ministério da Fazenda, revertendo ou anulando multas. A operação também foca lobbies envolvendo grandes empresas do País.
Dois meses após o início da operação, o Senado instalou uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). O relatório final foi apresentado em dezembro e ignorou o possível envolvimento de políticos na venda de medidas provisórias.
Em outubro de 2015, a PF realizou um mandado de busca e apreensão na empresa LFT Marketing Esportivo, que pertence a Luís Claudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, nos Jardins, bairro nobre de São Paulo.
A companhia é suspeita de ter recebido repasses da Marcondes & Mautoni, empresa de lobistas que atuaram na aprovação de medida provisória que prorrogou a isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para a indústria automobilística.
Outro investigado de peso da Zelotes é o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Augusto Nardes, relator da reprovação das contas da presidente Dilma Rousseff.
De acordo com a investigação, ele teria recebido, através de uma empresa da qual foi sócio até 2005 — atualmente em nome de seu sobrinho — pagamentos da SGR Consultoria, que teria corrompido conselheiros do Carf para favorecer clientes que recorreram ao Carf para discutir multas.
Em fevereiro deste ano, outra CPI foi instalada para investigar o esquema de pagamento de propina no Carf, dessa vez pela Câmara. (AG/Folhapress)