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Por Redação O Sul | 14 de abril de 2017
O executivo Emílio Odebrecht, dono do Grupo Odebrecht, afirmou em depoimento não ter “dúvida” de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atuou junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para que fossem financiadas as obras de construção do porto de Mariel, em Cuba. O porto foi construído pela Odebrecht.
A afirmação de Emílio Odebrecht foi dada ao Ministério Público Federal no acordo de delação premiada fechado no âmbito da Operação Lava Jato.
Procurado, o Instituo Lula divulgou a seguinte nota: “Delações não são provas, apenas indícios de provas. Mesmo que tudo que foi relatado seja verdadeiro, não existe nenhum ato ilegal do ex-presidente no relato de Emílio Odebrecht. As informações na imprensa relatam, inclusive, que o empréstimo do Porto de Mariel tem sido pago pelo governo cubano de acordo com o contrato que é com o governo de Cuba, não com a Odebrecht.”
O porto foi inaugurado em 2014 e contou com a presença da então presidente Dilma Rousseff. A obra custou quase US$ 1 bilhão e foi 80% financiada pelo governo brasileiro.
No depoimento, Emílio Odebrecht afirmou ter sido procurado por Hugo Chávez, ex-presidente da Venezuela que morreu em 2013, que mantinha “relação intensa” com Fidel Castro, para que a construtora viabilizasse a construção de um porto em Cuba.
Emílio Odebrecht, então, afirmou aos procuradores ter respondido à época a Chávez que uma obra desse tipo poderia criar problemas à empresa, em razão de a Odebrecht atuar Estados Unidos, país que retomou relações diplomáticas com Cuba somente em 2015, após décadas de afastamento.
Mas, acrescentou, a empreiteira poderia atender ao pedido, desde que o governo brasileiro se “engajasse” no projeto.
“Eu não gostaria de estar tomando a iniciativa, e o senhor, que tem uma boa relação com o presidente Lula, podia ligar para ele e transmitir isto”, disse Emílio Odebrecht, ao relatar a conversa com Hugo Chávez. “De fato, ele fez”, acrescentou.
Questionado, nesse instante, se houve “ingerência” do ex-presidente Lula sobre o BNDES, Emílio Odebrecht respondeu:
“Eu não tenho dúvida nenhuma. Porque eu só conto. Eu diria que o BNDES jamais […] e nós próprios nem levaríamos um assunto de financiamento ao BNDES para Cuba, não estava dentro do nosso plano e nem dentro das diretrizes do BNDES.”
(AG)