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Por Redação O Sul | 29 de abril de 2019
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em sua primeira entrevista na cadeia, que não se arrepende de ter autorizado a permanência do italiano Cesare Battisti no Brasil. Recentemente, o ex-membro do grupo terrorista PAC (Proletários Armados pelo Comunismo) admitiu participação nos quatro assassinatos pelos quais foi condenado à prisão perpétua, após ter passado quatro décadas alegando inocência.
“Não me arrependi, porque não sabia. Eu recebi informações através do Ministério da Justiça, que conhecia o processo, que ele não tinha crimes. Aí o Tarso [Genro, então ministro da Justiça] tomou a decisão. Agora, se depois disso ele assumiu o que fez, eu lamento profundamente”, disse Lula aos jornais El País e Folha de S. Paulo.
Em seguida, no entanto, o ex-presidente lançou dúvidas sobre o modus operandi da Justiça italiana. “Também não sei as condições em que ele confessou. Uma porradinha aqui, outra ali, um choquinho aqui. Aí o cara termina falando coisa que não fez”, acrescentou. Questionado se acreditava que isso poderia acontecer na Itália, Lula respondeu: “Não sei, é uma suposição”. Battisti foi repatriado por seu país em janeiro e cumpre pena em um cárcere na Sardenha, mas tenta reverter a sentença para 30 anos de prisão.
Assassinatos
Cesare Battisti admitiu envolvimento em quatro assassinatos durante interrogatório feito na prisão pelo procurador Alberto Nobili, responsável pelo grupo antiterrorista da cidade italiana de Milão. Até então, o italiano de 64 anos, que integrou o grupo Proletários Armados pelo Comunismo nos anos 70, negava envolvimento nos homicídios e se dizia vítima de perseguição política.
O procurador-geral de Milão, Francesco Greco, afirmou que ele admitiu “suas responsabilidades” em quatro assassinatos, nos ferimentos causados a outras três pessoas e em muitos roubos feitos pela grupo, de acordo com o jornal “Corriere della Sera”. Battisti declarou ter matado duas pessoas e ser o mandante de outros dois homicídios, informou o jornal La Repubblica.
“Guerra justa”
Battisti, que cumpre prisão perpétua na prisão de Oristano, foi condenado em 1993 por quatro assassinatos: o de um guarda carcerário, um agente de polícia, um militante neofascista e um joalheiro de Milão (o filho do joalheiro ficou paraplégico, depois de também ser atingido). “Falo das minhas responsabilidades, não vou nomear ninguém. Quando matei foi uma guerra justa para mim”, teria afirmado Battisti.