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Por Redação O Sul | 16 de abril de 2018
Após uma invasão que durou cerca de quatro horas, por volta do meio-dia dessa segunda-feira os cerca de 50 manifestantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e da Frente Povo Sem Medo que haviam invadido o apartamento triplex atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Guarujá (SP) deixaram o imóvel. A desocupação foi negociada com a PM (Polícia Militar).
“A PM determinou um prazo para sairmos, senão poderia ter ação de reintegração e a prisão dos manifestantes”, afirmou um dos líderes do Movimento, Josué Rocha, que chegou ao local com os seus colegas do MTST às 8h30min. “Se o triplex é do Lula, podemos permanecer. Se não é, por que ele está preso?”, argumentavam os invasores.
Ao todo, mais de 50 pessoas permaneceram dentro do apartamento, enquanto outros 100 manifestantes se posicionaram em frente ao prédio. Na sacada do imóvel atribuído ao ex-presidente, foram estendidas faixas com as mensagens “Povo Sem Medo”, “Se é do Lula, é nosso!” e “Se não é, por que prendeu?”.
Em declarações à imprensa, Rocha frisou que o objetivo do ato foi provocar a discussão e questionar a prisão do ex-presidente pela Operação Lava-Jato: “Eles não têm provas de que o triplex é do Lula, não há nenhuma prova da propriedade, essa condenação é uma farsa”.
Rocha garantiu, ainda, que a entrada no local não envolveu quaisquer registros de violência. Segundo informações da Polícia Militar, que confirmou a condução pacífica do protesto. Viaturas foram encaminhadas ao local logo no início da manifestação, para acompanhar de perto a movimentação.
A própria PM, no entanto, relatou que o portão do estacionamento do condomínio Solaris foi quebrado e que manifestantes pularam as grades, forçando em seguida a sua entrada no edifício. Os policiais fizeram uma vistoria no local e, como ocorreram danos ao prédio, seria registrado um boletim de ocorrência em uma delegacia da Polícia Civil na cidade do Litoral paulista.
O pré-candidato à Presidência da República pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) e coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, participaram desde cedo da manifestação no triplex. Ele anunciou o lançamento da seu nome para a disputa no dia 10 de março, durante um evento em São Paulo.
O apartamento
O protesto foi realizado nove dias após Lula se entregar para a PF (Polícia Federal) em São Bernardo do Campo e ser encaminhado para a carceragem da PF (Polícia Federal) em Curitiba (PR). Ele está preso desde o último dia 7, após permanecer por dois dias “entricheirado” na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista.
O caso triplex causou a condenação de Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele é o primeiro ex-presidente brasileiro sentenciado por crime comum, depois que o juiz federal Sérgio Moro entendeu que a construtora OAS pagou R$ 2,2 milhões em propina a Lula por meio da entrega do triplex e de reformas no imóvel.
O recurso foi analisado por três desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região e Lula acabou condenado em segunda instância por três votos a zero. Os desembargadores ainda aumentaram a pena para 12 anos e um mês de prisão. A Justiça Estadual de São Paulo, por sua vez, decidiu bloquear o apartamento triplex, que será colocado em leilão nos dias 15 e 22 de maio, com lances que podem ser feitos pela internet.