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Colunistas Maracutaia silenciosa

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Em 2003, o governo Lula deu um aumento fixo de R$ 59,87 a todos os funcionários públicos civis. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Mas que ninguém se iluda: se ao final e ao cabo da Operação Lava-Jato, e de todo o esforço de passar o País a limpo, tivermos a sorte de botar todos os corruptos na cadeia e de zerar a corrupção, teremos extirpado uma chaga moral, mas não as causas do nosso atraso, do nosso eterno voo de cambaxirra, do nosso desenvolvimento fuleiro.

O Brasil roda em círculos e não sai do lugar por várias razões. A principal é o Estado brasileiro, um organismo inchado, ineficiente, perdulário, tomado pelos interesses corporativos, mais até do que pela corrupção. É nesse Estado assim doente que se exaurem as energias da Nação.

Dou-lhes exemplo recente, através de uma matéria que quase passou em branco, tal a sutileza do ataque perpetrado contra os cofres públicos.

Em 2003 – não entendi bem sob que fundamento – o governo Lula deu um aumento linear, fixo, de R$ 59,87 a todos os funcionários públicos civis do governo federal . A lei que concedeu o aumento era clara: o valor era único, não se tratava de percentual, e seria aplicado a todos os funcionários, independente de sua remuneração.

Mas burocrata unido jamais será vencido. Sempre rigorosos para atender pedidos dos cidadãos e dos agentes econômicos, para si mesmos fizeram uma leitura complacente e generosa. Pegaram o menor salário do funcionalismo (na época R$ 452,53), e calcularam o percentual de aumento, com a agregação dos R$ 59,87 reais: deu 13,23%. Assim, o que era para ser um aumento linear de R$ 59,87, passou a ser um aumento de 13,23% para todos. Isonomia, alegaram. Isonomia, palavra mágica para o funcionalismo e devastadora para as contas públicas. A interpretação tortuosa foi endossada pelo Superior Tribunal de Justiça, Superior Tribunal Militar e Tribunal Superior do Trabalho!

Em maio de 2016, entretanto, na última instância e hora, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal suspendeu o reajuste dos servidores da Justiça do Trabalho e a decisão deve ser estendida para toda a administração pública. Como se vê, a Justiça do Trabalho não cuida apenas de proteger os trabalhadores brasileiros, como dedica particular carinho aos seus.

Trens de alegria, manobras solertes da espécie, foram bem sucedidas ao longo do tempo, engordando ganhos e vantagens do funcionalismo, com o beneplácito da Justiça brasileira. Nada disso sai no Jornal Nacional, nem merece a atenção de Janot ou do Ministério Público.

O golpe não foi tramado por nenhum político, ou por gente do tipo de Marcelo Odebrecht e o Joesley Batista. Seus autores são anônimos, a trama é de longa maturação e prospera em silêncio. Mas se der certo – a matéria ainda não é vencida – irá custar uma fortuna incalculável aos cofres públicos, coisa de alguns bilhões de reais, bem mais do que a corrupção somada do mensalão, petrolão, Lava-Jato, BNDES, fundos de pensão e o que mais queiram incluir nesta lista.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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