Quarta-feira, 17 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 22 de outubro de 2018
Marina Silva, ex-candidata à Presidência pela Rede, declarou “voto crítico” em Fernando Haddad (PT) no segundo turno em post no Facebook nesta segunda-feira (22).
“Farei oposição democrática a uma pessoa que, ‘pelo menos’ e ainda bem, não prega a extinção dos direitos dos índios, a discriminação das minorias, a repressão aos movimentos, o aviltamento ainda maior das mulheres, negros e pobres, o fim da base legal e das estruturas da proteção ambiental”, diz o texto.
O seu partido anunciou que seria oposição a quem fosse eleito, mas recomendou para que filiados e simpatizantes não votassem em Bolsonaro.
A candidata, que chegou a liderar as pesquisas para as eleições 2018, ficou em oitavo lugar com 1% dos votos válidos, o equivalente a 1,06 milhão de pessoas.
“Sei que, com apenas 1% de votação no primeiro turno, a importância de minha manifestação, numa lógica eleitoral restrita, é puramente simbólica. Mas é meu dever ético e político fazê-la.”
Marina enfatiza sua fé cristã e diz que a campanha de Bolsonaro usa o nome de Deus “em vão”, além de fazer uma referência à defesa da tortura pelo candidato:
“Crimes de lesa humanidade o tempo não apaga, permanecem como lição amarga, embora nem todos a aprendam”, escreve.
Mas o texto também traz críticas à postura do PT; no último debate do primeiro turno, Marina perguntou sobre autocrítica a Haddad, tema aqui retomado:
“Escondem e não assumem os graves prejuízos causados pela sua prática política predatória, sustentada pela falta de ética e pela corrupção que a Operação Lava-Jato revelou, além de uma visão da economia que está na origem dessa grave crise econômica e social que o País enfrenta”.
Marina Silva também lembra a questão ambiental, que sempre foi sua principal causa:
“Vejo no projeto político defendido pelo candidato Bolsonaro, risco imediato para três princípios fundamentais da minha prática política: primeiro, promete desmontar a estrutura de proteção ambiental conquistada ao longo de décadas, por gerações de ambientalistas, fazendo uso de argumentos grotescos, tecnicamente insustentáveis e desinformados. Chega ao absurdo de anunciar a incorporação do Ministério do Meio Ambiente ao Ministério da Agricultura. Com isso, atenta contra o interesse da sociedade e o futuro do País. Ademais, desconsidera os direitos das comunidades indígenas e quilombolas, anunciando que não será demarcado mais um centímetro de suas terras, repetindo discursos que já estão desmoralizados e cabalmente rebatidos desde o início da segunda metade do século passado. Segundo, é um projeto que minimiza a importância de direitos e da diversidade existente na sociedade, promovendo a incitação sistemática ao ódio, à violência, à discriminação. Por fim, em terceiro lugar, é um projeto que mostra pouco apreço às regras democráticas, acumula manifestações irresponsáveis e levianas a respeito das instituições públicas e põe em cheque as conquistas históricas desde a Constituinte de 1988.”