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Por Redação O Sul | 8 de dezembro de 2017
Buscar o submarino argentino ARA San Juan é como procurar uma agulha no palheiro, afirmou o porta-voz da Marinha, capitão Enrique Balbi. Após 23 dias perdida, a embarcação é procurada por navios da Armada (Marinha de guerra) em cooperação com Forças Armadas de outros países. Três navios irão inspecionar três novos “objetos” detectados com sonares em diferentes profundidades. No total há oito barcos nas operações.
“Para ter uma ideia, é como procurar uma agulha em um palheiro”, disse Balbi na coletiva diária sobre o estado da busca. “Prevê-se ampliar a zona circular, a área de maior chance de ocorrência, para o norte, que é o que o submarino teria feito em sua navegação direta para Mar del Plata, [seu porto, 400 quilômetros ao sul de Buenos Aires].”
O submarino se perdeu a cerca de 350 quilômetros da costa da Patagônia, no Sul da Argentina. O governo e a Marinha já deram como mortos os marinheiros por considerar que a situação é extrema e que o submarino está no fundo do mar. O ministro da Defesa da Argentina, Oscar Aguad, reconheceu que, para o governo, estão mortos todos os 44 tripulantes do submarino ARA San Juan, desaparecido desde 15 de novembro.
Aguad ainda revelou, em entrevista ao canal “Todo Notícias”, que o capitão da embarcação já havia reportado em viagem anterior uma avaria elétrica pela entrada de água nos sistemas – um incidente similar ao reportado antes do sumiço – e pedido reformas em 2018. Na decisão de suspender o resgate, o governo já aludia ao fato de que não havia possibilidade de sobrevivência dos tripulantes àquela altura das buscas. Mas a declaração de Oscar Aguad representou a primeira vez que as autoridades reconheceram publicamente a morte dos marinheiros.
Em viagem anterior, o capitão do submarino já havia reportado incidente semelhante ao que os investigadores acreditam ter sido o motivo do desaparecimento. O ARA San Juan comunicou uma avaria elétrica depois que a água do mar invadiu o snorkel da embarcação – o que desta vez pode ter gerado um curto-circuito na alimentação das baterias.
“Houve um incidente similar. Entrou água pelo snorkel, com a diferença de que a água não chegou às baterias. O capitão deu conta disso e pediu que, em 2018, quando o submarino entrasse em reparação, se verificasse esse problema”, destacou Aguad ao canal argentino.
O governo também investiga se houve corrupção no processo de reparação feito no submarino durante a gestão da ex-presidente Cristina Kirchner. O ministro alega que uma denúncia que apontava anomalias no processo foi arquivada sem investigação. Relatórios da auditoria mostrariam que houve sobretaxas e que os materiais usados no trabalho, entre 2008 e 2014, não tinham a qualidade exigida. Mas teria sido possível consertar o submarino a ponto de estar apto a missões como a do mês passado.
Apesar de não considerar possível encontrar sobreviventes, o governo se comprometeu com os parentes dos tripulantes a continuar as buscas.
“É um compromisso que o presidente [Mauricio Macri] assumiu com todas as famílias e vamos cumprir”, frisou Aguad.
Porém, os familiares continuam pedindo ao presidente argentino, Mauricio Macri, e aos militares para que não deem como finalizadas as tarefas de um eventual resgate.
“Queremos ver os corpos, que os retirem, precisamos fazer o luto”, disse Yolanda Mendiola, mãe do tripulante Leandro Fabián Cisneros, de 28 anos, em frente à base naval de Mar del Plata.
O último contato do submarino com a base em Mar del Plata ocorreu na manhã do dia 15 de novembro, quando navegava pelo Atlântico Sul, na altura do Golfo San Jorge, a 450 km da costa. Em sua última mensagem, o ARA San Juan informou que havia superado uma avaria nas baterias, reportada horas antes, provocada pela entrada de água pelo snorkel.
Um ruído similar a uma explosão ocorreu na mesma zona onde estava o submarino três horas após a última comunicação. O ARA San Juan havia zarpado no dia 11 de novembro, de Ushuaia (3.200 km ao sul de Buenos Aires) para regressar a Mar del Plata (400 km ao sul da capital).