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Mundo Médicos Sem Fronteiras diz que ataque a hospital afegão teve precisão

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Pessoas são vistas em hospital dos Médicos Sem Fronteiras em Kunduz, no Afeganistão, logo após bombardeio atingir o local neste sábado (Foto: Divulgação/Médicos Sem Fronteiras)

A diretora-geral dos Médicos Sem Fronteiras  no Brasil, a portuguesa Susana de Deus, disse que os bombardeios que atingiram um hospital da organização em Kunduz, no norte do Afeganistão foram direcionados e precisos, em entrevista ao Jornal Nacional deste sábado. Ao menos 19 pessoas morreram nos ataques.

Entre os mortos, estão 12 funcionários da organização, quatro pacientes adultos e três crianças. Outras 37 pessoas ficaram feridas – entre elas 19 funcionários. “Esses bombardeios foram muito precisos. Eles atingiram a ala de cuidados intensivos, as salas de emergência, as salas de fisioterapia”, afirmou Susana de Deus.

“Nós repetidamente viemos a informar as forças internacionais de coalizão sobre os locais onde estávamos a operar, não só no Afeganistão, mas em todos países em conflito”, disse a diretora-geral da organização no Brasil.

“Inclusive, durante o bombardeio conseguimos informar, tanto Washington como Kabul, sobre o que estava acontecendo”, completou.

De acordo com o MSF, foram 22 mil pessoas atendidas no hospital de Kunduz em 2014 e 6 mil cirurgias realizadas no local. “O hospital ficou destruído”, disse Susana de Deus. “O impacto sobre a população será muito grande”, afirmou.

ONU fala em Crime de guerra

O chefe do escritório de Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra’ad al-Hussein, falou em “crime de guerra” ao comentar o bombardeio.

“Esse evento profundamente chocante deve ser rapidamente, profundamente e independentemente investigado, e seus resultados devem ser tornados públicos”, disse Zeid Ra’ad al-Hussein em um comunicado. “A seriedade do incidente é ressaltada pelo fato de que um bombardeio contra um hospital pode ser considerado um crime de guerra.”

Para ele, o incidente “extremamente trágico, sem desculpas e possivelmente até criminoso”.

“A aviação militar afegã e internacional tem a obrigação de respeitar e proteger os civis o tempo todo, e as instalações médicas e seu pessoal são objeto de proteção especial.”

O MSF disse em nota que todas as partes envolvidas no conflito no país foram informadas sobre a localização precisa de seu hospital e de outras instalações do grupo. Ainda de acordo com o MSF, o bombardeio continuou por 30 minutos mesmo após militares dos EUA e afegães terem sido informados sobre o ataque.

O estabelecimento da MSF em Kunduz é um centro hospitalar importante na região e estava funcionando além de sua capacidade durante os recentes combates entre o exército e os talibãs, que assumiram o controle da cidade durante vários dias.

“O centro de traumatologia da MSF em Kunduz foi atingido várias vezes durante um bombardeio prolongado e ficou muito danificado”, informou a ONG em um comunicado. “Confirmamos a morte de nove membros da MSF durante o bombardei (…) 37 pessoas estão gravemente feridas e se desconhece o paradeiro de muitos funcionários e pacientes”, acrescenta o texto.

No momento do bombardeio, 105 pacientes e pessoal sanitário e mais de 80 funcionários internacionais e locais se encontravam no hospital.

A organização informou na véspera que 59 crianças estavam sendo atendido no centro.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, também condenou o ataque e pediu uma investigação imparcial do incidente. “Os hospitais e pessoal médico são explicitamente protegidos pela lei internacional humanitária”, disse o gabinete de imprensa de Ban em um comunicado. Ele pediu uma “investigação completa e imparcial sobre a ataque, a fim de garantir a prestação de contas”

Possíveis responsáveis

A Otan informou à AFP que um ataque aéreo norte-americano “pode ter” atingido o hospital da organização internacional de assistência.

“As força americanas realizavam um ataque aéreo em Kunduz contra pessoas pessoas que ameaçavam as forças da coalizão, o que pode ter provocado danos colaterais em um centro médico nas proximidades do alvo”, declarou o coronel Brian Tribus, porta-voz da missão da Otan no Afeganistão à AFP.

O chefe do Pentágono, Ashton Carter, afirmou que está em andamento uma investigação exaustiva sobre o bombardeio, apesar de não confirmar que foi realizado pelas forças americanas.

O secretário de Defesa americano assinalou que “as forças americanas em apoio às forças afegãs operavam perto, assim como os talibãs”.

O governo do Afeganistão afirmou que as forças americanas bombardearam o hospital, que ficou “destruído quase em sua totalidade pelo fogo causado após o bombardeio”. “Como resultado do bombardeio americano contra o hospital da MSF em Kunduz, pelo menos três pessoas morreram e 37 ficaram feridas, entre elas pessoal da MSF”, escreveu no Twitter o porta-voz do Ministério da Saúde do Afeganistão, Wahidullah Mayar.

O gabinete da presidência do Afeganistão afirmou que as forças lideradas pelos Estados Unidos ofereceram condolências pelo ataque. Inicialmente, de acordo com a Reuters, o escritório tinha dito que o general do Exército John Campbell tinha pedido “desculpas” ao presidente Ashraf Ghani. A informação foi retificada logo depois. Os Estados Unidos não confirmaram o telefonema.

O hospital ficou “bastante danificado” em um bombardeio “prolongado” que aconteceu às 2h10 locais (18h40 de Brasília de sexta-feira) e a imprensa americana citou fontes militares segundo as quais este incidente poderia ser resultado de “efeitos colaterais” de um ataque da força aérea americana. (AG)

 

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https://www.osul.com.br/medicos-sem-fronteiras-diz-que-ataque-a-hospital-afegao-teve-precisao/ Médicos Sem Fronteiras diz que ataque a hospital afegão teve precisão 2015-10-03
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