Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 30 de outubro de 2017
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse nesta segunda-feira (30) que o governo está analisando “com muito cuidado” a possibilidade de uma nova liberação dos recursos FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), desta vez para o pagamento de empréstimos consignados.
“Temos que estudar muito, porque os recursos do FGTS servem para financiar habitação para população de baixa renda. E, apesar de ter feito um efeito positivo na economia, a época da liberação das contas inativas, esse é um assunto que precisa ser analisado com muito cuidado” disse.
Meirelles afirmou que ainda não há uma decisão sobre novas medidas para o uso do FGTS como estratégia para estimular a atividade econômica. “Estamos analisando se há ou não mais algum espaço. É importante assegurar que existam recursos remanescentes para o financiamento da habitação, principalmente a popular.”
Uma estimativa feita pela Caixa Econômica Federal aponta que o uso do FGTS para pagar dívidas do financiamento estudantil, o Fies, poderá levar ao saque de R$ 70 bilhões de recursos do fundo dos trabalhadores. No final de semana, uma reportagem do jornal O Globo já dizia que o governo avaliava o uso do FGTS para quitar crédito consignado.
No primeiro semestre, os saques de contas inativas injetaram mais de R$ 40 bilhões na economia e ajudaram a estimular a atividade econômica.
“Esperamos que o ano que vem seja ano de crescimento sólido”, disse Meirelles aos jornalistas, ressaltando que o índice de desemprego está caindo, mas ainda em velocidade lenta. “O fato concreto é que estamos na direção certa [para fazer a economia voltar a crescer]”, disse o ministro.
A Fazenda deve rever as projeções para o PIB (Produto Interno Bruto) na semana que vem. Meirelles disse que a previsão atual, de expansão de 2% para 2018, tem “viés de alta”.
“É muito provável que a economia cresça mais que esse patamar.” Mais cedo, o ministro ressaltou que não seria uma surpresa se a expansão vier acima de 3%.
Nesta semana, está pautada para votação na Câmara dos Deputados a MP (medida provisória) 785, com novas regras para o Fundo de Financiamento Estudantil e foi incluída uma emenda permitindo que trabalhadores retirem recursos de suas contas do FGTS para amortizar ou quitar dívidas com o Fies.
A mudança conta com o apoio do Ministério da Educação e da ala política do governo, mas tem a oposição da equipe econômica, que tem atuado para que a MP não seja aprovada.
Reclamação
Ainda nesta segunda-feira, a Abrainc (Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias) emitiu nota criticando a possível intenção do governo de destinar o FGTS para outras finalidades além da aquisição de imóveis, destinação clássica do fundo desde sua criação em 1967.
“A mudança radical da destinação dos recursos para a habitação pode incorrer em sérios problemas para a economia do País. Lesa não somente o trabalhador, que sonha em adquirir sua casa própria, como também o setor da incorporação e o restante da cadeia, impactando, inclusive, nos empregos diretos e indiretos que são gerados a partir das obras na construção civil”, afirma a Abrainc.