Brasil Em Porto Alegre, corpo do ministro Teori Zavascki é enterrado

Governador, presidente e demais autoridades acompanham os atos fúnebres. (Foto: Karine Viana/Palácio Piratini)

O corpo do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki foi enterrado neste sábado (21) no cemitério Jardim da Paz, em Porto Alegre, após missa celebrada pelo arcebispo metropolitano, dom Jaime Spengler. A cerimônia foi acompanhada apenas por parentes e amigos íntimos do ministro e sem a presença de populares ou da imprensa.

O velório de Teori ocorreu ao longo de todo o dia no plenário do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. O corpo dele chegou à base aérea de Canoas (RS) por volta das 8h20min e seguiu em cortejo até a capital gaúcha, onde começou a ser velado por volta das 9h – inicialmente apenas pela família e amigos. Das 11h às 15h, o espaço foi aberto para o público e depois voltou a ser fechado.

A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, foi uma das primeiras a chegar, mas saiu sem falar com a imprensa. Outros ministros da Corte, entre eles Luiz Edson Fachin, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski, também compareceram ao velório para prestar homenagens ao jurista. Ao longo do dia passaram por lá as maiores autoridades do País em todas as esferas de poder, como o presidente da República, Michel Temer,  que chegou a Canoas por volta das 13h e foi recebido pelo governador gaúcho, José Ivo Sartori. Os ministros de Relações Exteriores, José Serra; o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha; da Justiça, Alexandre de Moraes; do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra; o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia; e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin,  estavam na comitiva do presidente. O juiz que comanda as investigações da Operação Lava-Jato na Justiça Federal, Sérgio Moro, também compareceu ao velório, assim como o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Claúdio Lamachia.

Depoimentos

Embora a imprensa não tenha se aproximado do local do velório, algumas autoridades optaram por falar com os jornalistas. Em quase todos os depoimentos, a qualidade técnica de Teori como juiz e sua postura discreta e altiva foram exaltadas.

Temer disse que Teori “é um homem de bem. O que o Brasil precisa cada vez mais é de homens com a competência pessoal moral e profissional do ministro Teori. Que Deus conserve na memória dos brasileiros como um exemplo a ser seguido”. Questionado sobre o nome que irá substituir o ministro na Suprema Corte, o presidente disse que vai aguardar a redistribuição dos processos relativos à Lava-Jato antes de fazer a indicação.

Moro classificou o ministro de “herói”. “Há uma grande desolação da magistratura, de todos que o conheciam, especialmente aqui da 4ª Região, onde ele construiu sua carreira”, disse Moro.

Muito emocionado, o ministro Dias Toffoli lamentou a morte do ministro, a quem descreveu como um amigo pessoal. Questionado sobre o futuro da análise dos processos da Operação Lava-Jato, Toffoli respondeu apenas que “não é momento de se conversar sobre isso”. “Pudemos desfrutar da amizade dele. É uma perda pessoal que nos abala. Estamos ainda sofrendo muito com essa passagem”, afirmou o ministro, com a voz levemente embargada. “É uma perda para a nação brasileira. A serenidade, a simplicidade a humildade dele marcarão para sempre a Justiça brasileira.”

Ao deixar o velório, o presidente da OAB disse que é preciso atender ao desejo da sociedade brasileira de que a Lava-Jato seja conduzida com celeridade no STF, “até mesmo em nome da memória do ministro Teori e do trabalho que estava fazendo”.

Homologação

O ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Paulo de Tarso Sanseverino afirmou que a relatoria dos processos deveria ficar com um ministro que já compõe o Supremo. Ele também defendeu que a ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, faça a homologação da delação da Odebrecht, que já estava sendo encaminhada pela equipe de Teori. “Acho que não se deve deixar a relatoria para o ministro que for assumir. Seria uma situação política extremamente delicada. Vários senadores estão sendo investigados na Lava-Jato. Isso criaria uma situação embaraçosa politicamente, com as pessoas que vão ser julgadas”, disse Sanseverino.

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