Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 23 de setembro de 2016
A cura para o câncer pode estar um pouco mais perto de ser descoberta. Pelo menos é o que a Microsoft pretende “resolver” dentro de dez anos. A companhia, conhecida por sua atuação na indústria de softwares, está trabalhando para tratar a doença como um vírus de computador, que invade e corrompe as células do corpo. Dessa forma, a expectativa é que no futuro próximo seja possível monitorar estas células e, potencialmente, reprogramá-las para que elas se tornem saudáveis novamente.
No projeto, batizado como Hanover, uma máquina de aprendizagem será abastecida com os milhares de estudos que são publicados em periódicos científicos para ajudar médicos e pacientes a personalizar tratamentos para a doença. O arquiteto do Hanover, Hoifung Poon, está trabalhando com pesquisadores do Knight Cancer Institute, da Universidade do Oregon, nos Estados Unidos, para que o sistema descubra combinações de drogas efetivas no combate da leucemia mielogênica aguda, um tipo quase sempre fatal de câncer que não teve grandes avanços em tratamentos nas últimas décadas.
Segundo o geneticista Mariano Zalis, a tendência das pesquisas sobre câncer atualmente é analisar os dados descobertos a partir da célula que gerou o tumor, e os computadores são essenciais para processar essas informações. “O que a Microsoft quer é pegar todo esse ‘big data’ e, através de algoritmos, começar a entender como a célula com câncer vai se desenvolver e como o tumor pode ser atacado de uma forma mais eficaz. O tratamento hoje em dia é mais inteligente, mas ainda pode evoluir muito”, explicou.
O câncer é causado por mutações genéticas que fazem com que as células cresçam e se multipliquem sem controle. A possibilidade de encontrar essas mutações específicas levaram ao surgimento de novas drogas, que atacam a doença de forma mais precisa, aumentando as taxas de sobrevivência.
Mais de 800 drogas em teste.
De acordo com relatório da organização Pharmaceutical Research and Manufacturers of America, existem mais de 800 medicamentos e vacinas em testes clínicos contra o câncer.
“É excitante, mas também nos fornece um desafio, de como lidar com tantos dados”, disse Jeff Tyner, diretor do Knight Institute. “É por isso que a ideia de um biólogo trabalhar com cientistas da informação é tão importante. A combinação de todos esses recursos vai ajudar a tornar os mais recentes avanços em terapias mais efetivas e menos tóxicas.”
Aparentemente, os campos da biologia, matemática e computação são distintos, mas as barreiras que as separam estão sendo quebradas nos últimos anos. “Os processos complexos que acontecem nas células possuem alguma similaridade com aqueles que acontecem em um computador desktop padrão”, disse Chris Bishop, diretor do laboratório da Microsoft Research em Cambridge.
Em teoria, esses mesmos computadores podem ser usados para compreender como as células se comportam para tratá-las quando necessário.
Se isso for possível, os computadores não apenas entenderão os motivos das células se comportarem de determinada maneira quando se tornam cancerígenas, mas também poderão disparar uma resposta dentro da célula, para reverter essa programação e, enfim, curar a doença. (AG)