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Por Redação O Sul | 30 de maio de 2016
Milhões de pessoas em todo o mundo tomam medicamentos voltados para tratar a depressão, mas um novo estudo revela que alguns médicos estão prescrevendo antidepressivos para outras situações, que não são relacionadas à depressão.
No estudo, publicado recentemente na revista Jama, os investigadores analisaram dados de registros médicos eletrônicos para prescrição de antidepressivos durante quase dez anos. No total, foram mais de 100 mil receitas de antidepressivos escritas por cerca de 160 médicos para aproximadamente 20 mil pessoas.
Segundo os dados, 50% das receitas foram receitadas para desordens que não são depressão. Em vez disso, muitas dessas prescrições foram feitas para problemas como ansiedade, insônia, dor, distúrbios de déficit de atenção e até mesmo bulimia.
“É um fenômeno interessante”, disse, à revista Time, a autora do estudo Jenna Wong, doutoranda na Universidade McGill, em Montreal, no Canadá.
“Tínhamos ouvido que, na comunidade científica, tem havido uma suspeita entre os médicos que alguns deles comumente receitam antidepressivos para outros usos. Descobrimos também que, para as principais classes de antidepressivos, houve uma tendência de prescrição de aumento ao longo do tempo.”
As novas descobertas levantam alguma preocupação entre os autores. Em primeiro lugar, se os cientistas queriam saber se os antidepressivos estão sendo cada vez mais receitados para depressão, Jenna afirma que os dados podem ser “deformados”, já que as drogas são também comumente receitadas para outros usos.
A pesquisadora também argumenta que alguns dos usos que estão sendo usados não são baseados em evidências científicas. Alguns medicamentos são prescritos porque há dados que sugerem que eles ajudam para outros problemas médicos, mas, no caso de problemas como enxaquecas e distúrbios de déficit de atenção, Jenna diz que a ciência não é sólida para o uso de antidepressivos.
Os investigadores não examinaram o porquê de os médicos estarem receitando os antidepressivos, mas suspeitam que pode ser uma medida de último recurso. “Algumas dessas condições são coisas para as quais não existe um tratamento exato. Os pacientes podem estar desesperados por algo para tratar suas doenças”, diz Jenna. (AG)