Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 18 de outubro de 2017
O MP (Ministério Público) gaúcho ofereceu, na terça-feira (17), denúncia contra Tiago Benhur Flores Pereira, Fábio Roberto Souza Nunes (conhecido como Kapa), Fabrício Santos da Silva (vulgo Nenê) e Antônio Marco Braga Campos (de apelido Chapolim), líderes da facção Os Manos, por terem determinado a construção de um túnel de acesso à Cadeia Pública de Porto Alegre – antigo Presídio Central – para facilitar as suas fugas e as de outros 1 mil detentos.
Eles foram indiciados pela autoridade policial e estão no sistema penitenciário. Juliano Biron da Silva (o Biron), que não havia sido indiciado, também foi denunciado. Todos responderão por constituírem e integrarem organização criminosa e facilitação de fuga.
Benhur e Chapolim também foram denunciados por lavagem de dinheiro. Os crimes foram praticados com forte aporte financeiro e de recursos materiais, veículos e bens imóveis, utilizados pela organização para a execução da obra. Os demais comparsas já haviam sido denunciados e condenados (presos em flagrante dentro da obra do túnel em fevereiro de 2017).
Benhur, Kapa, Carlos Augusto Michaelsen, Daniel dos Santos Conceição e Eliseu Dos Santos também foram denunciados por associação para o tráfico. Carlos Augusto Michaelsen ainda foi denunciado por pedofilia.
Condenações
Em julho, a 1ª Vara Criminal do Foro Regional do Partenon, na Capital, condenou outros nove réus pelos crimes de organização criminosa e promover ou facilitar fuga de presos. Eles foram denunciados porque participaram da construção do túnel.
A única condenada a cumprir pena em regime fechado é Cíntia Santos de Paula, que recebeu cinco anos e nove meses de reclusão. Ezequiel Conceição (considerado o comandante desse grupo) recebeu cinco anos e sete meses de prisão em regime semiaberto; Carlos Augusto Michaelsen, Daniel dos Santos Conceição, Dalvan Vargas Durante, Eliseu dos Santos, Josué Conceição, Odair José Haag e Oseias Rodrigo Flores deverão cumprir pena de quatro anos e seis meses a quatro anos e 11 meses também no semiaberto. Foi determinado o perdimento de duas caminhonetes em favor do Estado, uma vez que foram utilizados na prática dos delitos.
Túnel
Em 22 de fevereiro, após três meses de investigação, foi deflagrada pela Polícia Civil a Operação Túnel Santo. A ação ocorreu antes do túnel chegar até o Presídio Central. Naquele dia, houve a prisão de oito pessoas. Durante a instrução do processo, testemunhas e réus esclareceram que a intenção, com o túnel, era que 1.050 presos de uma facção criminosa fugissem. Faltava aproximadamente 40 metros para a conclusão do plano de fuga descoberto em fevereiro deste ano.
Para não despertar a atenção das autoridades, a terra retirada era armazenada dentro dos imóveis. Os “tatus’” eram pagos com, no mínimo, R$ 1 mil semanais cada, além de moradia em outra cidade, transporte até o trabalho e alimentação durante a escavação, pagos pelos contratantes. O MP denunciou outras nove pessoas pela participação no mesmo crime, cujo processo segue em trâmite.