Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 5 de julho de 2018
O ministro do Trabalho, Helton Yomura, foi afastado do cargo nesta quinta-feira (5) pelo STF (Supremo Tribunal Federal), assim como seu chefe de gabinete, entre outros, após a deflagração de nova fase da Operação Registro Espúrio, da PF (Polícia Federal), que apura supostas fraudes em registros sindicais. Além da suspensão do cargo, Yomura está impedido de frequentar o Ministério do Trabalho e de manter contato com demais investigados ou servidores da pasta.
Ao todo, a PF cumpriu nesta quinta-feira dez mandados de busca e apreensão e três de prisão temporária, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, em Brasília e no Rio de Janeiro. Buscas foram feitas nos gabinetes do ministro e do deputado federal Nelson Marquezelli (PTB-SP). As ordens de prisão são contra o superintendente do ministério no Rio, Adriano José Lima Bernardo; o assessor de Marquezelli, Jonas Antunes Lima; e o chefe de gabinete de Yomura, Júlio de Souza Bernardes.
A Operação Registro Espúrio desarticulou uma organização criminosa integrada por políticos e servidores que teria cometido fraudes na concessão de registros de sindicatos pelo Ministério do Trabalho. Além das buscas, a pedido da PF e da PGR (Procuradoria-Geral da República), serão impostas aos investigados medidas cautelares.
Segundo a PF, as investigações e o material coletado nas primeiras fases da operação Registro Espúrio indicam a participação de novos atores e apontam que cargos da estrutura do Ministério do Trabalho foram preenchidos com indivíduos comprometidos com os interesses do grupo criminoso, permitindo a manutenção das ações ilícitas.
Em maio deste ano, a polícia fez buscas nos gabinetes dos deputados federais Paulinho da Força (SD-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Wilson Filho (PTB-PB), cujas prisões chegaram a ser pedidas pela PF, mas o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, não autorizou.
Na época, Wilson Filho disse, por meio de nota, não ter participação na concessão de registros sindicais no Ministério do Trabalho. Paulinho da Força afirmou que desconhece os fatos investigados. Jovair Arantes diz que se posiciona “em consonância” com nota emitida pelo PTB, segundo a qual a direção do partido “jamais participou de quaisquer negociações espúrias”.
Segundo as investigações, o “núcleo político” do suposto esquema teria como participantes, além dos deputados, o presidente do PTB, deputado cassado Roberto Jefferson; o suplente de deputado Ademir Camilo Prates Rodrigues (MDB-MG); e os senadores Dalírio Beber (PSDB-SC) e Cidinho Santos (PR-MT), atualmente licenciado do mandato.
A PF também pediu a prisão de Roberto Jefferson, mas Fachin não atendeu. Segundo o ministro, há indícios de que ele sabia do esquema, mas não que tenha se beneficiado. Segundo nota, a direção nacional do PTB “jamais participou de quaisquer negociações espúrias no Ministério do Trabalho”.
Em São Paulo, os agentes fizeram buscas na Força Sindical e na UGT (União Geral dos Trabalhadores). Outros alvos da operação, para os quais havia mandados de prisão expedidos, são Leonardo José Arantes e Rogério Papalardo Arantes, sobrinhos do deputado Jovair Arantes (PTB-GO).