Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 1 de maio de 2017
O bolívar é a cara mais visível da inflação na Venezuela. A alta de preços, de 25% ao ano sob Hugo Chávez (1954-2013), se acentuou com Nicolás Maduro e hoje se aproxima de 500%.
Desde 2013, quando o pai da Revolução Bolivariana morreu e o afilhado assumiu o poder, o índice de preços ao consumidor avançou 4.257%, ao mesmo tempo em que o PIB encolheu 17%.
Neste período, o país passou a sofrer com o desabastecimento e viu se reverter a redução da pobreza sob Chávez. De 27,2%, a parcela de pobres subiu para 81,8%.
A queda brusca dos preços do petróleo, que perfaz 90% das exportações, é apontada pelo governo como a razão da crise, que Maduro atribui a uma “guerra econômica”.
Para Boris Ackerman, professor convidado da Universidade Rei Juan Carlos de Madri, o petróleo foi o estopim de uma situação gestada pelo chavismo.
“A crise ocorreu pela irresponsabilidade fiscal, pela péssima gestão dos recursos das exportações, a inoperância das empresas estatais, as expropriações, a corrupção e a absoluta desarticulação na economia do país”, afirma.
O economista diz que os preços regulados, o controle do câmbio, as leis trabalhistas e o controle do movimento de mercadorias pesam sobre a escassez de produtos.
A ameaça de expropriação é apontada como um dos motivos para a fuga dos investimentos privados. Sem contrapartida estatal, recorreu-se à importação e, sem dinheiro, veio o desabastecimento.
Abismo
A diferença entre preços regulados e liberados chega ao múltiplo de dez. Enquanto o bilhete do metrô de Caracas custa 4 bolívares, os ônibus, geridos por cooperativas, são 150. Mesmo assim, andar de metrô pode sair mais caro que de moto ou carro – por 6 bolívares compra-se 1 litro de gasolina. Ackerman afirma que só com a liberação do comércio e do câmbio será possível resolver a escassez.