Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 14 de agosto de 2018
Na véspera do ato organizado pelo PT para registrar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, o jornal norte-americano The New York Times publicou um artigo do ex-presidente, no qual critica sua prisão e afirma ser vítima de um golpe das forças da direita para tirá-lo da disputa eleitoral, além de atacar o juiz Sérgio Moro.
Preso em Curitiba (PR) desde 7 de abril após ter sido condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro em decorrência das investigações da Operação Lava-Jato, o petista volta a fazer críticas ao juiz Sérgio Moro, a quem chama de aliado dos grupos conservadores, e à imprensa brasileira.
“Moro tem sido celebrado pela mídia de direita do Brasil. Ele se tornou intocável”, afirma Lula no texto, intitulado “Eu quero democracia, não impunidade”. “Mas a verdadeira questão não é o Sr. Moro; são aqueles que o elevaram a esse status de intocável: elites de direita, neoliberais, que sempre se opuseram à nossa luta por maior justiça social e igualdade no Brasil”, escreveu Lula.
De acordo com ele, conservadores agem para reverter o progresso dos governos PT e estão determinados a impedir o partido voltar ao cargo em um futuro próximo. Na apresentação do ex-presidente, o jornal enfatiza que Lula escreveu o texto da prisão. Nele, o petista afirma que, embora esteja na cadeia, os brasileiros entendem que a prisão “não tem nada a ver com corrupção” e sim com questões políticas. “E por isso que as pesquisas mostram que se as eleições fossem realizadas hoje, eu venceria”, diz.
Lula critica a investigação, citando vazamentos de conversas particulares e o que chama de um “show de mídia” para levá-lo a depor, e diz que não quer estar em cima da lei, mas ter um julgamento “justo e imparcial”. “Eu peço respeito pela democracia. Se eles querem me derrotar de verdade, façam nas eleições”, escreve. “Então, deixe o povo brasileiro decidir.”
Candidatura
Segundo especialistas em direito eleitoral, por ter sido condenado em segunda instância, Lula está inelegível de acordo com a Lei da Ficha Limpa. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) vai decidir sobre o futuro da sua candidatura depois que o pedido de inscrição for realizado pelo PT nesta quarta-feira (15). O partido está convocando a militância para um ato em Brasília.
Advogados do PT avaliam nos bastidores que o TSE pode julgar o registro da candidatura do ex-presidente Lula, declarando-o inelegível, antes do início do horário eleitoral. O assunto foi tratado entre o petista e aliados na semana passada.
Na avaliação do partido, o tribunal tem dado sinais – por declarações de ministros – de que o caso não deve se prolongar, e Lula, enquadrado na Lei da Ficha Limpa, não poderá ser candidato.