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Por Redação O Sul | 23 de maio de 2018
O escritor Philip Roth, um dos ícones da literatura dos Estados Unidos na segunda metade do século XX, morreu na terça-feira (22), aos 85 anos. O premiado romancista de mais de 30 livros morreu em um hospital em Nova York de insuficiência cardíaca, informou o agente literário do escritor, Andrew Wylie.
Roth conquistou praticamente todos os prêmios literários relevantes em mais de 60 anos de carreira. Morreu, no entanto, sem o Prêmio Nobel de Literatura, para o qual foi considerado favorito em diversas ocasiões. Nascido em 1933 na cidade de Newark, Nova Jersey, Roth teve sua obra associada à comunidade judaica, e muitos de seus romances refletem as questões de identidade dos judeus dos EUA.
Roth é conhecido sobretudo por seus romances, embora também tenha escrito contos e ensaios. É dono de um estilo realista e direto e adotava humor em suas obras. Entre as suas obras mais conhecidas estão a coleção de contos “Goodbye, Columbus” (1959), a novela “O Complexo de Portnoy” (1969), e a trilogia americana, publicada na década de 1990, composta por “Pastoral Americana” (1997), “Casei com um comunista” (1998) e “A Mancha Humana”. Em 2017, ele publicou ‘Why Write’ (sem tradução em português), uma coleção de ensaios e trabalhos não-ficcionais escritos entre 1960 e 2013.
Judeus nos EUA
Muitas das suas obras refletem os problemas de assimilação e identidade dos judeus dos EUA, o que o vincula a outros autores como Saul Bellow, laureado com o Nobel de Literatura de 1976, ou Bernard Malamud, que também tratam nas suas obras a experiência dos judeus norte-americanos. Parte da obra de Roth explora a natureza do desejo sexual e a autocompreensão. A marca registrada da sua ficção é o monólogo íntimo, com humor, “O complexo de Portnoy”, a obra que o tornou conhecido.
Prêmios
Recebeu o Prêmio Pulitzer de Ficção por “Pastoral americana” em 1998. É conhecido também por seu ‘alter-ego’, Nathan Zuckerman, protagonista de diversos de seus livros. Roth é o único autor americano a ter suas obras completas publicadas em vida pela Library of America, que tem como missão editorial preservar as obras consideradas como parte da herança cultural americana.
Em 2012, Roth foi o vencedor do Prêmio Príncipe das Astúrias de Literatura. Em outubro do mesmo ano, em entrevista à revista francesa “Les Inrockutibles”, anuncia que abandona a carreira de escritor, sendo “Nêmesis” o seu último romance. Em “Patrimônio” ele examinou a sua complexa relação com o seu pai e ganhou o National Book Critics Circle Award.
O escritor estava se dedicando à produção da sua biografia, que está sendo escrita por Blake Bailey. De origem judaica, era ateu e se considerava antirreligioso. Ele viveu em Nova York e Connecticut. Nos últimos anos, Roth se virou para uma crise existencial e sexual de média idade, sem nunca abandonar o seu compromisso de explorar a vergonha, o constrangimento e outras culpas secretas do ser humano, ainda que sempre com uma dose de humor.