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Por Redação O Sul | 5 de outubro de 2017
Seis crianças e uma mulher morreram queimadas em uma creche em Janaúba, no Norte de Minas Gerais, na manhã desta quinta-feira (5). Segundo informações da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, o guarda do Centro Municipal de Educação Infantil Gente Inocente, no bairro Rio Novo, jogou álcool em crianças e nele mesmo e, em seguida, ateou fogo. O agressor chegou a ser internado, mas morreu horas depois.
Ao menos 24 pessoas permanecem internadas, entre hospitais de Janaúba, Montes Claros e Belo Horizonte, sendo três adultos e 21 crianças; todos os adultos estão no Hospital Regional de Janaúba.
Entre os feridos, ainda segundo os bombeiros, as crianças internadas apresentaram queimaduras pelo corpo e vias aéreas; uma das vítimas, de 5 anos, teve 45% do corpo queimado. A previsão era de que outros alunos da creche chegassem a Belo Horizonte ainda nesta quinta.
Autoridades
A prefeitura de Janaúba decretou sete dias de luto oficial em solidariedade às famílias afetadas pela tragédia. Por meio do Twitter, o presidente Michel Temer também se manifestou a respeito da tragédia. “Eu que sou pai imagino que esta deve ser uma perda muitíssimo dolorosa. Esperamos que essas coisas não se repitam no Brasil”, disse Temer.
Agressor
O agressor foi identificado como Damião Soares dos Santos, de 50 anos. De acordo com a prefeitura, Santos era funcionário efetivo desde 2008. Ele ficou de férias de julho a agosto e, ao retornar ao trabalho, em setembro, alegou problema de saúde e foi afastado do cargo.
Ainda segundo a prefeitura, ele foi à creche na manhã desta quinta entregar o atestado médico e cometeu o crime. Não foi informado qual era o problema de saúde alegado pelo funcionário. O motivo do ataque não foi esclarecido.
O vigia disse a familiares que “essa semana iria morrer”, afirmou o delegado Bruno Fernandes Barbosa. Ainda de acordo com o delegado, uma perícia constatou que o homem trancou as portas da creche antes de incendiar o local.
O delegado disse ao portal de notícias G1, após entrevistar familiares do vigia, que desde 2014 ele já apresentava “sinais de loucura”. “Ele alegava que a mãe dele estava envenenando a água, e que isso estava trazendo problemas”, disse Barbosa.
A perícia indica que ele fechou três salas da creche, onde havia entre 55 e 60 pessoas, segundo o delegado. O homem teria ainda segurado as crianças, impedindo que elas saíssem. Uma professora tentou conter a ação de Damião e chegou a lutar com ele; ela está internada em estado grave em um hospital.
“Tenho plena convicção de que o crime foi premeditado, ele escolheu a data de dia 5 de outubro porque o pai dele morreu no dia 5 de outubro, há três anos”, disse o delegado.
Na casa de Damião, a polícia encontrou cartas escritas por ele, nas quais dizia ter predileção e afeto por crianças. Também foram achados galões de combustível. “Encontramos seis ou sete galões de cinco litros com álcool”, disse o delegado.
“Apesar de não morar com família, e ter escolhido viver isoladamente, Damião se reaproximou da mãe nos últimos dias, dormiu com ela, e disse à uma sobrinha que iria dar um presente para a família, que iria morrer”, contou Barbosa.