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Geral Mulher do brasileiro Carlos Ghosn, ex-presidente da Renault Nissan, diz que tem medo da Justiça japonesa e que pedirá apoio de Bolsonaro

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Carlos Ghosn em vídeo publicado em abril deste ano. (Foto: Reprodução/Twitter)

“Eu tenho medo”, diz Carole Ghosn, mulher do ex-presidente da aliança Renault-Nissan — que cumpre prisão domiciliar no Japão acusado de crimes financeiros — de como a Justiça japonesa conduz as investigações. Em entrevista ao jornal O Globo por telefone de Nova York, ao lado da advogada Jessica Finelle, que atua em violação de direitos humanos, ela sustenta que o marido é inocente. E que vai contatar o presidente Jair Bolsonaro para pedir maior envolvimento do Brasil nos esforços para garantir que Ghosn tenha um julgamento justo.

Ao longo de 48 minutos de conversa por telefone, Carole, de origem libanesa e que passou grande parte de sua vida nos EUA, falou sobre como vem ajudando o ex-titã da indústria automotiva. Coube a Jessica responder os pontos sobre os quais Carole avisou, antes da entrevista, que se recusaria a responder.

1. A senhora pôde falar com seu marido desde que foi solto sob fiança em 25 de abril?

Não. Fomos proibidos de nos falarmos, de nos vermos. Mesmo para os padrões japoneses, esta decisão foi considerada aviltante. É mais uma das maneiras de manter o sistema de “Justiça de reféns” (termo utilizado por especialistas internacionais para explicar o modelo judiciário japonês, no qual os acusados podem ser detidos preventivamente e ter os direitos suspensos até que assinem uma confissão).

2. A senhora estava em casa com ele, no início de abril, em Tóquio, quando ele foi detido pela quarta vez. Como ocorreu?
Os agentes chegaram às 5h50 da manhã, bem cedo e de surpresa. Havia 20 pessoas e foram muito violentos. Uma das condições da liberdade sob fiança era ter câmeras em casa para mostrar quem entrava e saía. E a primeira coisa que os agentes fizeram foi desligá-las para que as pessoas não pudessem ver o que eles estavam fazendo. Lá embaixo, estava toda a imprensa japonesa, avisada pelos promotores, como forma de humilhá-lo.

3. E o que houve com a senhora?
Fiquei trancada lá horas, enquanto eles reviravam todo o apartamento. Eles pegaram meu telefone, meu passaporte libanês, o que é ilegal, já que não estava sendo presa e não estou no processo. Queriam que eu assinasse documentos em japonês. Não me permitiram ligar para ninguém. Eu estava de pijamas e, toda vez que ia ao banheiro, colocavam uma mulher lá dentro comigo. Muito humilhante. Não sou suspeita de nada.

4. E assinou os documentos?
Meus advogados chegaram, mas levaram quatro horas para permitir que entrassem. Eu assinei os papeis. Mas os agentes queriam me levar para ser interrogada, sem advogado. E eu me recusei, por orientação de meu advogado. Até hoje não tive de volta o meu laptop e meu telefone. Eles levaram um diário que escrevi todos os dias em que meu marido estava preso. Por que tamanha violação de privacidade?

5. Na sua opinião, esse tratamento da Justiça se deve ao fato dele ser estrangeiro ou um grande executivo?
Talvez seja por ele ser um estrangeiro e também pela posição dele. É interessante que Hiroto Saikawa, que assinou todos os documentos (sob suspeita na investigação), é o atual presidente e CEO da Nissan. Greg Kelly (outro executivo da Nissan nos EUA acusado no processo) também está na prisão, enquanto Saikawa não foi sequer questionado. Das duas pessoas que assinam os documentos usados para acusar o meu marido, um está preso e o outro, no comando da companhia. Um é americano; o outro, japonês.

A advogada Jessica responde:

O advogado japonês de Carlos Ghosn, Junichiro Hironaka, já ponderou que Saikawa não está sendo responsabilizado por nada, e que não é razoável que o executivo brasileiro seja acusado sozinho. E já avalia pedir à Procuradoria no Japão uma justificativa para isso. Ele questiona que, se os números apresentados pelos executivos estão incorretos e os diretores são responsáveis por eles como signatários do documento, por que o procurador não toma uma atitude? Hoje, o curso do processo de Ghosn é uma exceção no Japão, porque a Justiça do país trabalha com base na confissão de culpa pelo acusado. Ghosn afirma desde o início que é inocente. Ele é vítima de uma pressão cada vez maior, com base em humilhação e violação de direitos humanos para confessar.

6. As embaixadas têm ajudado? E o Brasil?
O cônsul-geral do Brasil no Japão foi muito atuante quando ele foi preso a primeira vez. Mas eu gostaria de ver mais ajuda do Brasil, que o País se envolvesse mais no que está havendo com ele. Carlos é brasileiro. E ajudou com a fábrica da Nissan que abriu no Brasil, criou empregos, tornou a economia melhor.

7. Pretende contatar o presidente Jair Bolsonaro?
Sabemos que foi contatado antes, mas não tivemos retorno. Então, vamos contatar diretamente para pedir maior participação do governo brasileiro. Queremos garantir um julgamento justo para Carlos.

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