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Por Redação O Sul | 5 de dezembro de 2017
Mulheres se reuniram na tarde dessa terça-feira na Cinelândia, no Rio, para acompanhar a votação dos destaques da PEC 181 em Comissão Especial da Câmara dos Deputados. Esse projeto de lei, se aprovado, torna crime qualquer tipo de aborto, incluindo os já permitidos atualmente – em caso de estupro, de anencefalia do bebê ou em caso de risco para a vida da mulher. A comissão que aprovou a PEC no dia 8 de novembro se reuniu nessa terça-feira para votar destaques, mas a votação foi adiada.
Entre as faixas que as mulheres carregavam na manifestação, a maior trazia o recado “Rodrigo Maia, estamos de olho em você”, referindo-se ao presidente da Câmara. Elas também batucavam em latas e barris, enquanto entoavam frases de ordem.
Rodrigo Maia
Um grupo de mulheres entregou um manifesto para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na tarde dessa terça-feira.O documento tem 354 assinaturas individuais de pessoas públicas, entre políticas, artistas, médicas, além de 130 organizações. O manifesto faz um histórico da votação da PEC, que se limitava a aumentar a licença-maternidade de mães de prematuros, apontando a manobra feita por parlamentares ligados à bancada religiosa, que incluíram emendas ao texto com o objetivo de restringir ou até mesmo proibir qualquer tipo de aborto no País – hoje permitido em caso de anencefalia do feto, risco de morte da mãe e estupro.
Milena Argenta, assessora do Centro Feminista de Estudos e Assessoria, disse que Maia afirmou que temas dessa natureza não devem ser tratados em conjunto com outras matérias. Segundo ela, o presidente da Câmara sinalizou que não pautará o tema.
“Ele disse que já se manifestou sobre isso, nessa direção, demonstrando que não concorda que o assunto seja tratado dessa maneira. Disse que em algum momento o debate será feito, mas não dessa forma”, disse Milena.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que participou da reunião com Maia, disse que o “acordo” com o presidente da Casa foi uma “vitória”. “Sabemos que a Comissão Especial é um jogo de cartas marcadas, mas ter o acordo com o presidente da Câmara é uma vitória maior. Mesmo que passe no colegiado, o Plenário não votará o fim de um direito histórico das mulheres”, afirmou a deputada.