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Por Redação O Sul | 21 de abril de 2017
Na Odebrecht, não havia pagamentos à vista. A propina e as doações de campanha não registradas eram repassadas em parcelas aos políticos. Se tudo fosse pago de uma vez, havia o risco de o beneficiado voltar e pedir ainda mais. Em parcelas, se ele voltasse a cobrar o dinheiro, seria dada uma parte daquilo acertado inicialmente. O relato faz parte da delação premiada de Hilberto Mascarenhas, executivo que chefiava o Setor de Operações Estruturadas, o famoso departamento da propina da Odebrecht.
“Era parcelado por dois motivos. Primeiro porque os valores eram altos. E segundo, se eu desse tudo de vez, ele (o político) podia de novo mais adiante (pedir) mais. Então (a Odebrecht) ficava sempre devendo para poder dizer: “não, eu ainda tenho para lhe dar”. E dava. Porque se desse tudo de uma vez, adiante (o político) vai dizer: “não deu, preciso de mais para minha campanha”, explicou Hilberto, rindo ao final, em depoimento prestado em 15 de dezembro de 2016.
Ele contou que a empresa chegou a fazer pagamentos à vista, mas a experiência não deu certo. “Tivemos experiência de pagar tudo de uma vez e o cara voltar e pedir mais”, afirmou Hilberto. Na sequência, no mesmo depoimento, ele disse que a empreiteira chegou a comprar por R$ 22 milhões um terreno na cidade de São Paulo para ser a sede do Instituto Lula. Mas lote não foi usado, e vendido novamente pela empreiteira.
“Foi comprado o terreno, depois foi vendido. E não usou-se esse dinheiro. Depois, o responsável pelo Instituto Lula achou outro local, e resolveram sem envolver a gente”, disse Hilberto.