Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 22 de maio de 2017
Uma campanha que começou em 2015 nas redes sociais como a #SalvemosLaMaternidadDelSur (“Salvemos a Maternidade do Sul”, em Valência, na Venezuela), em sinal de protesto, transformou-se num apostolado. Com 25 anos de profissão, o ginecologista obstetra Jorge Pérez foi penalizado por suas queixas por trabalhar sem os insumos necessários para atender as pacientes e os bebês que ajuda a trazer ao mundo. No fim de abril, ele foi chamado ao Instituto Carabobeño de Saúde e ganhou uma suspensão por 60 dias. Nunca soube o motivo.
Os pecados de Pérez são ter caminhado de Valência (capital de Carabobo) até Caracas para marchar no dia 10 de setembro — atendendo a uma convocação da Mesa da Unidade Democrática, com cartaz de protesto preso ao jaleco branco — e denunciar a falta recursos para tratar os pacientes.
Intimidações, censura, destituições e renúncias forçadas não pouparam nem ministro nem residentes de plantão. No dia 10 de maio, a ministra Antonieta Caporales, que assumira o cargo em janeiro, deixou suas funções, tendo sido nomeado para o cargo o farmacêutico Luis López, ex-vice-ministro e ex-diretor da Corporação de Saúde de Aragua, durante a gestão do atual vice-presidente Tarek el Aissami (que foi governador do estado de Aragua).
Ainda que Caporales não tenha firmado posição sobre sua saída prematura do cargo, nem o presidente da República tenha explicado a troca súbita da funcionária, sabe-se que a decisão veio a público três dias depois que os meios de comunicação divulgaram a informação oficial do Boletim Epidemiológico de 2016, em que se admite que a mortalidade infantil subiu 30% em um ano e a materna deu um salto de 65,79%.
O atual ministro da Saúde é conhecido por sua mão firme em assinar aposentadorias compulsórias e destituir médicos de seus cargos, desde 2012, principalmente de profissionais do Hospital Central de Maracay, por terem se posicionado de alguma forma pedindo insumos para o hospital.