Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 9 de junho de 2016
Grávida de sete meses de Zeus, seu primeiro filho, a nadadora Rebeca Gusmão lança em julho sua autobiografia. “Virada Olímpica – A Carreira, a Queda e a Superação”, da Ed. Alto Astral, conta a história de vida de Rebeca, que chegou ao maior lugar do pódio na natação e, por pouco, não teve a vida interrompida em uma queda fatal.
Depressão.
Pela primeira vez, a atleta conta com detalhes o dia em que tentou se jogar do 13º andar do prédio em que morava, em Brasília. “Cheguei em casa, joguei a bolsa no sofá, abri uma garrafa de vodca e fui para a parte de cima do apartamento, que era um duplex, e sentei num parapeito”, relatou. “Gostava de ver o sol se pondo dali. Neste dia, planejei tudo. Eu bebia e chorava, olhava as pessoas pequenininhas lá embaixo e jogava o corpo para frente. Pensava nos motivos da minha vida ter chegado naquilo.”
Depois que saiu da varanda, ainda sem coragem de se jogar, Rebeca tomou um coquetel que misturava tranquilizantes, veneno de rato e água sanitária. “Eu não sentia nada. Tomei tudo como se fosse água. Só queria acabar com aquele sofrimento absurdo. A falta do esporte, minha separação, meu nome na lama. O que eu tinha a perder?”, questiona ela, que foi encontrada pelo pai e pela irmã doze horas depois, caída, em coma. “O médico diz que não sabe como saí [do estado crítico] viva e lembro que acordei no hospital com muita raiva. De mim, por fazer meus pais sofrerem.” Eles não sabiam que Rebeca pensou em se jogar do apartamento em que morava, fato que é revelado no livro.
O auge do sofrimento é um dos capítulos da obra. O dia 29 de agosto de 2013, (data em que a tentativa de suicídio ocorreu) ficou marcado. Entretanto, Rebeca conta que seu livro é um alerta, com passagens tristes, sim, mas com final feliz: “O Zeus vai chegar em breve. Minha vida é uma série de coincidências. Fiquei grávida no dia 2 de novembro de 2015, no mesmo dia em que oito anos antes , fui banida das piscinas. Não duvido que ele nasça dia 18 de julho, quando ganhei minha medalha de ouro no Pan”, em 2007.
O afastamento das piscinas.
Dois anos depois, Rebeca teve que devolver as medalhas conquistadas: “Achei que não precisava de ajuda para passar por tudo aquilo. Que tinha que ser forte, aguentar firme e me calar”, ressaltou. Em 5 de novembro de 2007, recebeu o resultado de teste positivo para anabolizantes esteroides em amostras coletadas durante o Rio 2007. Dois meses depois, em 17 de dezembro de 2007 foi confirmado o doping e a perda das quatro medalhas conquistadas por Rebeca. A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos confirmou, em 5 de setembro de 2008, que recebeu da FINA (Federação Internacional de Natação), o inteiro teor da decisão do Painel de Doping que resolveu suspender a atleta e fazê-la “inelegível pelo resto da vida” a partir de 18 de julho de 2007. Um baque em uma carreria vitoriosa que foi extremamente difícil de ser superado, como expôs Rebeca.