Quinta-feira, 18 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 18 de dezembro de 2018
O papa Francisco criticou nesta terça-feira (18) líderes nacionalistas que culpam os imigrantes pelos problemas dos próprios países e fomentam a desconfiança na sociedade buscando ganho desonesto e promovendo políticas xenófobas e racistas.
“Discursos políticos que tendem a atribuir todo o mal aos imigrantes e a privar os pobres de esperança são inaceitáveis”, disse o papa, que não mencionou qualquer país ou líder.
O pontífice de 82 anos, que fez da defesa dos imigrantes um pilar de seu papado, fez os comentários em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz da Igreja Católica, em 1º de janeiro, que é enviada a chefes de Estado e de governo e a organizações internacionais.
O papa disse que os tempos atuais estão “marcados por um clima de desconfiança enraizado no medo dos outros ou de estrangeiros, ou na angústia a respeito da própria segurança pessoal”.
Francisco disse ser triste que a desconfiança “também seja vista no nível político, em atitudes de rejeição ou formas de nacionalismo que criam dúvidas sobre a fraternidade de que nosso mundo globalizado tem tanta necessidade”.
A mensagem chega em um momento no qual a imigração é uma das questões mais polarizadoras em países como Estados Unidos, Itália, Alemanha e Hungria. Francisco já trocou farpas com o presidente norte-americano, Donald Trump, e o político italiano de direita, Matteo Salvini, por causa dos direitos dos imigrantes.
Na semana passada o papa elogiou o primeiro Pacto Global para a Migração da ONU (Organização das Nações Unidas), que estabelece objetivos para o aprimoramento da administração da migração.
Várias nações, inclusive Estados Unidos, Itália, Hungria e Polônia, não foram à reunião no Marrocos, enquanto o futuro chanceler do governo Jair Bolsonaro já anunciou que vai retirar o país do pacto.
“Beatitudes do Político”
Francisco denunciou uma lista de “vícios” de políticos que disse terem minado a democracia autêntica e atrapalhado a vida pública através de várias formas de corrupção.
Entre eles, incluiu a malversação de recursos públicos, o ganho desonesto, a xenofobia, o racismo, a falta de preocupação com o meio ambiente e a pilhagem de recursos naturais.
Ele propôs oito “Beatitudes do Político” – formuladas primeiramente pelo falecido cardeal vietnamita François-Xavier Nguyen Van Thuan – como um guia para o comportamento daqueles que ocupam cargos públicos.
Estas, afirmou, estabeleceriam metas para políticos que, entre outras qualidades, deveriam ter uma compreensão profunda de seu papel, exemplificar pessoalmente a credibilidade, trabalhar pelo bem comum e realizar mudanças radicais.