Armando Burd Não existe curativo mágico
Por Redação O Sul | 6 de abril de 2017
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
A oposição matou os governistas no cansaço. Com sucessivas intervenções na tribuna e no microfone de apartes, querendo adiar a votação do Projeto de Lei Complementar que cria o Regime de Recuperação Fiscal dos Estados, os deputados federais favoráveis à aprovação começaram a se retirar do plenário às 23h de ontem. A sessão foi encerrada às 23h40min. A votação deve ocorrer hoje ou na próxima terça-feira.
Parlamentares da oposição querem fechar um ferimento profundo com band-aid. Por isso, tentaram tergiversações para evitar o andamento, do projeto. Estancar a sangria financeira exige uma cirurgia com custo alto, incluindo a intervenção do governo federal. Não existe saída de graça para gestões nos Estados que, por décadas, foram perdulárias e até corruptas. Sobre a conta, recairá na população como sempre.
A QUANTAS ANDAMOS
A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro tem feito levantamentos periódicos sobre a situação dos governos estaduais, tomando por base quatro critérios: 1) gastos com pessoal em relação à receita; 2) endividamento além do permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal; 3) investimentos abaixo do necessário em infraestrutura; 4) uso do cheque especial, deixando mais restos a pagar do que dinheiro no orçamento.
O Rio Grande do Sul lidera o ranking nacional do mau desempenho.
ARTE DE INSISTIR
Minas Gerais tomou a frente ao lançar movimento nacional por um acerto de contas da União com os Estados. O pedido é que o governo federal quite as dívidas que levaram a perdas desde a criação da Lei Kandir, isentando de impostos as exportações.
NA RETA FINAL
Faltam três assinaturas para que a CPI do Badesul, liderada pelo deputado Enio Bacci, seja protocolada na Assembleia Legislativa. Terça-feira próxima, a bancada do PP, que tem sete integrantes, vai se reunir para decidir se apoiará.
ÁREA PARA PLANTAÇÃO
Quando foi lançada a pedra fundamental do Palácio Piratini, a 27 de outubro de 1896, não imaginavam que a localização diante de uma ampla praça permitiria, muitas décadas depois, a plantação de uma erva daninha chamada boato. A origem da palavra é latina e significa mugido. Pouco a pouco passou a designar informação sem fundamento.
CASO INÉDITO
Na sessão plenária de terça-feira, o deputado Marcel van Hattem foi impedido, por várias vezes, de continuar seu pronunciamento na tribuna. Mesmo que o presidente Edegar Pretto tenha pedido que as galerias se contivessem, insistiram nos protestos. A assessoria de Marcel gravou as imagens dos exaltados e entregará à mesa diretora, pedindo que as medidas previstas no regimento interno da Assembleia Legislativa sejam tomadas. Nenhum outro parlamentar tinha tomado essa iniciativa.
ANTES TARDE DO QUE NUNCA
Os recentes leilões animaram o governo federal a estendê-los às ferrovias. As estações abandonadas e os vagões enferrujados têm dois efeitos: a perda de patrimônio público e a não utilização de um meio de transporte de cargas bem mais barato do que o rodoviário.
COMO ERA, COMO É
Em março de 1977, Carlos Lacerda definiu: “O ensino brasileiro é a mais rendosa indústria, pois vende a preço de ouro diplomas inúteis.” Não imaginava o que ocorreria 40 anos depois. Os resultados das avaliações feitas atualmente sobre o desempenho dos alunos em muitas faculdades não desmentem.
RÁPIDAS
* Partidos da base aliada querem saber o motivo pelo qual só deputados do PMDB e do PP são convidados para eventos em que o Executivo anuncia fatos positivos.
* O melhor amigo de John Kennedy era o historiador Arthur Schlesinger. Quando se elegeu presidente dos Estados Unidos, perguntou o que ele queria ser. “Nada”, foi resposta. Não surgem mais Schlesingers como antes.
* Deve ajudar: ministros são chamados para sessões do filme Trapalhadas Desnecessárias.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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