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Por Redação O Sul | 10 de julho de 2017
A força-tarefa da Operação Lava-Jato praticamente descartou a delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci. Os investigadores da operação ficaram insatisfeitos com o material que foi oferecido pelo pelo petista. Em maio deste ano, o ex-ministro trocou de advogado e começou a negociar a delação. A expectativa era de que, além de políticos de primeiro escalão, ele revelasse esquemas de corrupção envolvendo o mercado financeiro. No entanto, como Palocci não incriminou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em suas declarações, a equipe da Lava-Jato não mostrou interesse em seguir em frente com o acordo.
Palocci foi preso em setembro do ano passado, durante 35ª fase da Lava-Jato, batizada de “Omertá” – uma referência a origem do codinome “italiano”, pelo qual o ex-ministro era chamado por executivos da Odebrecht. Ele foi acusado de receber milhões de reais em propina da empreiteira.
Em maio deste ano, o ex-ministro trocou de advogado e começou a negociar a delação. A expectativa era de que, além de políticos de primeiro escalão, ele revelasse esquemas de corrupção envolvendo o mercado financeiro. O temor sobre essa delação levou bancos e gestoras de recursos a consultarem previamente a Lava-Jato sobre a possibilidade de fechar acordos de leniência.
No dia 26 de junho, oito meses após sua prisão, Palocci foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro a 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.
Ao dar a sentença, Moro afirmou que a proposta de delação do ex-ministro soou mais como “ameaça” a antigos aliados do que como uma intenção verdadeira de celebrar um acordo.
Guido Mantega
Palocci afirmou que o ex-ministro Guido Mantega antecipava dados sobre juros e medidas provisórias que poderiam afetar o mercado financeiro. Em troca das informações essenciais aos bancos, ele pedia apoio ao governo petista. A defesa de Mantega afirma que “causa estranheza” a informação de que Antonio Palocci pretende envolvê-lo em um suposto esquema com os bancos em sua delação premiada. “Qualquer caixa de agência bancária do país sabe que quem representava os interesses do mercado financeiro era o próprio Palocci” diz o advogado Fábio Tofic Simantob.
“Guido Mantega, pelo contrário, assumiu sempre posições que desagradavam os bancos, a ponto de ser demonizado. Não houve pessoa mais execrada pelo mercado do que Mantega. A informação, por isso, não faz nenhum sentido”, segue ele.
O advogado faz referência a divergências entre o ex-ministro e os bancos no período em que ele comandou a economia do país, de março de 2006 a janeiro de 2015. Em 2008, por exemplo, Mantega baixou uma medida provisória elevando de 9% para 15% a alíquota da Contribuição Social Sobre Lucro Líquido devida por instituições financeiras.
José Dirceu
José Dirceu deve estar mais tenso do que nunca. Muito antes de Antonio Palocci começar a fazer delação premiada, Dirceu já dava sinais de receio com os movimentos do correligionário.
Quando estava na cadeia de Curitiba (PR), virava e mexia, ele apostava que Palocci estava dando com a língua nos dentes. Nessas ocasiões, quem o acalmava era Eduardo Cunha (PMDB-RJ).