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Por Redação O Sul | 21 de maio de 2018
Nicolás Maduro chegou ao poder na Venezuela em março de 2013, como presidente interino, após a morte de seu padrinho político Hugo Chávez. Em abril daquele ano, foi eleito presidente, por uma pequena diferença contra o opositor Henrique Capriles, para liderar a “revolução bolivariana” no país. Hoje, o presidente é visto por opositores como o protagonista do colapso venezuelano, mas diz ser vítima do imperialismo dos Estados Unidos e de guerra econômica da direita.
Maduro foi reeleito para mais 6 anos de mandato após as eleições de domingo (20), que tiveram horário ampliado, denúncias de fraude, tentativa de boicote da oposição, abstenção de 54% e falta de reconhecimento por grande parte da comunidade internacional.
Maduro era considerado um verdadeiro “revolucionário” por seu mentor Hugo Chávez, a quem conheceu em 1993. Mas adversários e ex-companheiros o acusavam de enriquecer empresários amigos e a cúpula militar.
“Foi subestimado pelos opositores e por muitos chavistas. Mas soube aproveitar os erros de uns e de outros, conseguindo anular seus adversários dentro e fora do chavismo”, comenta à AFP Andrés Cañizalez, pesquisador em comunicação política.
“Maduro passou por uma metamorfose e estas eleições culminam esse processo: poderíamos estar passando do chavismo ao ‘madurismo’. Sem dúvida, está apontando a consolidar um espaço de poder autônomo”, acrescenta Cañizalez.
Trajetória
Ex-motorista de ônibus, Maduro teve atuação no movimento sindical da categoria. Teve formação comunista em Cuba nos anos 1980 e viaja com frequência à ilha.
Entre 1999 e 2000 foi membro da Assembleia Constituinte convocada por Chavez e entre 2000 e 2006 foi deputado da Assembleia Nacional.
Foi chanceler do governo Chávez entre 2006 e 2012, e foi nomeado vice-presidente após a reeleição de Chávez em outubro de 2012.
Como ministro de Relações Exteriores, ele foi fiel às ideias diplomáticas do chavismo. Era considerado, por diplomatas estrangeiros, uma pessoa afável e de trato fácil.
Maduro se aproximou de Chávez quando o presidente anunciou o câncer que o acabaria matando.
É casado com a ex-procuradora Cilia Flores, a quem chama de “primeira combatente” e com quem dança frequentemente nos comícios. É pai de “Nicolasito”, membro da Assembleia Constituinte de 27 anos, fruto de um casamento anterior.
Imagem e discurso
Sem o carisma de Chávez, Maduro tentou imitá-lo em longas aparições diárias na TV, com a fala popularesca e a retórica anti-imperialista. Mas vem construindo sua própria imagem.
Autodenomina-se “presidente operário”, dirige sua caminhonete, ri de seu inglês ruim e de quem o chama de “Ma’burro” por suas mancadas frequentes, dança salsa, bolero e reggaeton, e é muito ativo nas redes sociais.
Seu discurso moderado e capacidade negociadora como sindicalista, chanceler e vice-presidente de Chávez, mudou para os acalorados discursos contra seus adversários, a quem critica e insulta sem pudores.
Tentando renovar sua imagem, o mote “Vamos Nico” se impôs em sua campanha, enquanto diminuíram as referências ao seu mentor.
Em 2013, o jingle da campanha dizia: “Chávez para sempre, Maduro presidente. Chávez, eu te juro, meu voto é de Maduro”. Hoje, o refrão de um reggaeton chiclete, diz: “Todos com Maduro, lealdade e futuro. O povo manda com Maduro”.
Segundo as pesquisas, tem impopularidade de 75%.
Caos socioeconômico
Durante o governo Maduro, a Venezuela sofreu ondas de protestos violentos que deixaram cerca de 200 mortos, uma derrocada socioeconômica e o isolamento internacional.
Seus adversários o acusam de empurrar o país para o abismo com medidas econômicas disparatadas, de submeter o povo à fome e de ser um “ditador”, sustentado por militares.
A tudo isso faz ouvidos moucos. Diz ser um “presidente democrático” e “vítima” dos Estados Unidos e a “guerra econômica da direita”, à qual culpa pela hiperinflação e falta de comida. Mas reconhece estar “mais forte do que nunca”.
“Há cinco anos, eu era um novato. Hoje, sou um Maduro de pé, experiente com a batalha, que enfrentou a oligarquia e o imperialismo. Aqui estou: mais forte do que nunca”, descreveu-se durante a campanha para a reeleição.
“Sua autoridade nasce herdada de Chávez (presidente de 1999 até sua morte, em março de 2013). Mas agora temos um Maduro diferente, que sabe que é forte e é mais agressivo”, disse à agência AFP Félix Seijas, diretor do instituto de pesquisas Delphos.