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Esporte Ninguém deveria ficar surpreso com as denúncias de assédio no esporte brasileiro

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Fernando de Carvalho Lopes é acusado de abusar sexualmente de atletas e ex-atletas da ginástica brasileira. (Foto: Ricardo Bufolin/CBG)

Crianças e adolescentes representam 70% das vítimas dos casos de estupro no Brasil segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Entre elas, 70% foram abusadas por parentes, namorados, amigos ou conhecidos. Com base nessas informações infelizmente ninguém deveria ficar surpreso com as recentes denúncias de assédio no esporte brasileiro, primeiro no futebol e logo depois na ginástica, que envolvem menores de idade. As informações são do blog de Mariliz Pereira Jorge, do jornal Folha de S.Paulo.

Em dez dias, o meio esportivo foi sacudido por mais escândalos sexuais do que em toda história. É certamente apenas a ponta do iceberg, mas cedo para dizer se outras histórias serão reveladas levando em conta o problema da subnotificação quando as vítimas são do sexo masculino.

Por vergonha, culpa, medo de comprometer a carreira, de perder patrocínios, muitos jovens passaram e ainda passam anos sem contar a alguém sobre a violência sexual e psicológica às quais são submetidos.

A história na ginástica brasileira repete, de certa forma, o que aconteceu nos Estados Unidos. Apesar de num primeiro momento apenas o nome de Larry Nassar, médico da seleção americana de ginástica, ter ido para os holofotes, logo soube-se de outras denúncias, mas também da conivência dos membros da Federação Americana de Ginástica e da Universidade Estadual de Michigan. As entidades foram acusadas de encobrir as histórias por medo de perder o apoio da comunidade, doações e patrocínios milionários.

No Brasil, a única pessoa que vem sendo questionada sobre a negligência em relação aos assédios supostamente cometidos pelo ex-técnico Fernando de Carvalho Lopes foi o coordenador-chefe da seleção brasileira de ginástica, Marcos Goto. Segundo relatos, Goto sabia do problema, não tomava nenhuma atitude para proteger os atletas, com frequência praticava bullying com as informações que tinha e que, diz agora, tratava como boatos.

Um adulto que ouve histórias sobre o comportamento inapropriado de alguém com menores não pode tratar esse tipo de informação como um assunto menor. Fazer piada sobre tais situações deveria também ser punido, chama-se assédio moral.

Tem mais, há poucas coisas que se espalham com mais rapidez do que fofocas. Se o assunto corria solto é mais do que provável que Goto não fosse o único ciente da possível relação abusiva entre treinador e atletas. Pode-se esperar que haja mais gente conivente de que acontecia algo de podre nos bastidores da ginástica.

Assim como nos Estados Unidos, o medo do escândalo e da perda de patrocínios pode ter feito dirigentes acharem que afastar Fernando Carvalho Lopes da seleção brasileira em 2016 fosse suficiente para que as denúncias fossem esquecidas e o caso não tivesse maiores repercussões. Com o escândalo na proporção que chegou, a Caixa Econômica Federal, maior patrocinador da CBG (Confederação Brasileira de Ginástica), avalia suspender a parceria com a entidade.

A Caixa deveria pressionar a CBG de diversas formas, para garantir que o ambiente esportivo seja saudável e seguro. É preciso que dirigentes tenham o comprometimento necessário para que essa história seja passada a limpo.

Mas ao abandonar a ginástica e secar os recursos da entidade vai acabar por punir o lado mais fraco da corda, os atletas que ficarão sem a estrutura necessária para que possam treinar e se desenvolver. Perde-se a chance de num momento como esse mostrar empatia, oferecer amparo, não apenas psicológico, mas financeiro para que crianças e adolescentes se sintam seguros em denunciar e não aguentar mais abusos em silêncio.

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https://www.osul.com.br/ninguem-deveria-ficar-surpreso-com-as-denuncias-de-assedio-no-esporte-brasileiro/ Ninguém deveria ficar surpreso com as denúncias de assédio no esporte brasileiro 2018-05-12
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