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Saúde No Brasil, para cada um cirurgião plástico, há outros dois atuando sem formação adequada

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Especialistas alertam para os cuidados que precisam ser tomados nos procedimentos estéticos e alertam: o culto ao corpo perfeito pode se tornar doença. (Foto: Reprodução)

A mato-grossense Lilian Calixto tinha 1,80 metro de altura e, aos 46 anos, era magra e parecia linda aos olhos de amigos e parentes. “Tudo nela era perfeito”, chegou a dizer uma amiga da bancária, que desembarcou no Rio com o sonho de deixar o corpo ainda mais bonito, há uma semana, e morreu após uma sessão de bioplastia no apartamento do médico Denis Furtado, o Doutor Bumbum. O episódio traz à tona a discussão sobre os limites entre a saúde – física e psicológica – e a vaidade.

No Brasil, segundo país do mundo em número de cirurgias plásticas (com predomínio das estéticas), a cada um cirurgião plástico, existem outros dois profissionais prestando o delicado serviço cirúrgico sem formação para isso, alerta a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

Especialistas alertam para os cuidados que precisam ser tomados nos procedimentos estéticos e alertam: o culto ao corpo perfeito pode se tornar doença. “Quando uma pessoa começa a levar o corpo a um desgaste extremo, com exercícios físicos, uso de anabolizantes e tratamentos estéticos em condições inadequadas, essa pessoa pode ter desenvolvido um distúrbio de imagem. A vigorexia é semelhante à anorexia (doença em que a pessoa se vê mais gorda do que é), só que o paciente sente necessidade de ficar sempre mais forte e com o corpo mais torneado”,  explica o psiquiatra Thyago Azevedo.

No Brasil, a procura por procedimentos estéticos não cirúrgicos, como preenchimentos e aplicação de botox, também cresce. Aumentou 390% em dois anos, segundo o último Censo da SBCP. O cirurgião plástico Seung Lee acredita que o limite da intervenção estética é a saúde do paciente:

“É preciso avaliar as indicações, pois cada ser humano é único. Quando se trata de obsessão, pode trazer riscos porque os limites podem ser extrapolados”,  explica o cirurgião, que não recomenda a aplicação do metacril, produto utilizado pelo Doutor Bumbum: “Os riscos superam os benefícios. E pode dar muitas complicações, como infecção, alergia, endurecimento no local, migração da substância para outras partes do corpo, deformidades, necrose e até morte”.

Os riscos do uso do metacril vieram a público em 2015, com o caso da ex-modelo Andressa Urach. Cinco anos depois de uma bioplastia e posterior aplicação de hidrogel nas coxas, ela quase morreu com infecção no local do procedimento.

A SBPC lembra que procedimentos estéticos até menos invasivos que os cirúrgicos, como botox, preenchimentos labial e facial, bichectomias e outros, podem ser fatais se realizados com profissionais sem a formação adequada.

Desejo de juventude eterna

Medo do envelhecimento e da morte? Para a doutora em antropologia e pesquisadora do grupo de estudos de consumo da UFF Shirley Torquato, o que impulsiona as pessoas a procedimentos estéticos é tão antigo quanto as primeiras civilizações: a necessidade de pertencimento a um grupo. E nossa sociedade dá valor à beleza e à juventude.

“Depois de uma intervenção, a mulher passa a assumir a postura de que está no grupo das gostosas, desejadas, que não aparenta a idade que tem. Isso é estimulado pela sociedade em que vivemos”,  explica, lembrando que a valorização exacerbada do corpo acontece em todas as culturas e em diferentes épocas, desde a Grécia Antiga.

A funcionária pública Maristela Andrade Marques, de 58 anos, já passou por inúmeros procedimentos estéticos. Apesar de, após uma bioplastia nas panturrilhas há 15 anos, ainda sofrer com infecções recorrentes, ela ainda tem vontade de fazer lipoaspiração: “Ninguém quer envelhecer. Já fiz coisas mais leves, como o fio russo que implantei no rosto para esconder as rugas. Quero colocar o ácido hialurônico, por exemplo, que é um produto aplicado para diminuir as marcas da idade. Sinto vontade de fazer várias coisas no meu corpo, mas fiquei um pouco traumatizada”.

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https://www.osul.com.br/no-brasil-para-cada-um-cirurgiao-plastico-ha-outros-dois-atuando-sem-formacao-adequada/ No Brasil, para cada um cirurgião plástico, há outros dois atuando sem formação adequada 2018-07-22
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