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Brasil No caso Marielle, mulheres coordenam um esforço jurídico inédito contra as notícias falsas na internet

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Trio de advogadas já recebeu 17 mil denúncias de ofensas contra Marielle por e-mail. (Foto: Reprodução)

Desde o último fim de semana, a caixa de e-mails das advogadas Evelyn Melo, Samara Castro e Juliana Durães não para de encher. De lá pra cá, o correio eletrônico do escritório que elas mantêm juntas desde o início do ano já recebeu cerca de 17 mil e-mails de desconhecidos denunciando ofensas postadas nas redes contra a vereadora Marielle Franco (PSOL). As três, atualmente, centralizam as ações em âmbito jurídico contra essas notícias falsas.

Na noite de quinta-feira, elas conseguiram a primeira vitória na Justiça dentro do caso: uma limitar para que o Youtube removesse vídeos mapeados com calúnias contra a vereadora. Nos próximos dias, devem entregar as publicações de ódio reunidas nesses e-mails à Polícia Civil do Rio. Ainda pretendem mover ações contra redes sociais poderosas – como Twitter, Facebook e Instagram – para a retirada do ar dessas mensagens de ódio. Tudo isso só foi e será possível, observam elas, porque boa parte da web resolveu reagir a esses xingamentos.

“Toda essa mobilização nacional em torno disso foi por causa da importância que ela (Marielle) teve. Nossa humilde contribuição foi a partir do momento que a gente se colocou à disposição para receber essas denúncias”, afirma Evelyn, de 31 anos.

No dia a dia do trabalho, as três atuam por uma causa em comum: a igualdade de gênero. Se conheceram no Movimento da Mulher Advogada, frente ligada à Caarj (Caixa de Assistência de Advogados do Rio de Janeiro). O escritório formado e composto exclusivamente por Evelyn, Samara e Juliana defende mulheres em causas trabalhistas, eleitorais e empresariais. Em geral, contam, as clientes chegam ali depois de alguma decepção com advogados homens.

Nas redes sociais, elas exibem com orgulho o mote feminista.”Para as mulheres, é um duplo desafio ter seu próprio escritório: além de enfrentar as dificuldades comuns de se iniciar o projeto, ainda tem que enfrentar os preconceitos em relação à sua capacidade e sua competência”, diz uma postagem na página delas no Facebook.

Desde que assumiram o caso das notícias falsas contra a vereadora – com quem Evelyn e Samara já trabalharam – essa página sofreu uma desqualificação em massa (quando vários usuários conferem uma estrela, na escala de uma a cinco). No Instagram, também receberam ofensas – um homem, inclusive, as desafiou a “processá-lo” pelos ataques. Uma das advogadas sofreu até uma tentativa de invasão em seu perfil no Facebook.

“Acho que incomoda a gente ser mulher”, opina Samara.

Com 26 anos e responsável por ações de grande repercussão, como a que fez o Tribunal Regional Eleitoral decidir pela cassação do governador Luiz Fernando Pezão em primeira instância, no ano passado, Samara costuma ser questionada se é “a advogada ou a estagiária”.

“Além de ser mulher, sou muito jovem. Muitos advogados não acreditam que eu possa ser advogada, quanto mais de um partido político”, afirma Samara, que defende, na Justiça, as ações de interesse do PSOL.

A mesma coisa costuma acontecer com Juliana, ainda que ela seja quase 10 anos mais velha que a colega. Já Evelyn ouviu de cantadas de clientes a abordagens desrespeitosas de ex-chefes.

“Teve um que afirmou que só me contratou porque me achou bonita”, lembra. Em uma audiência recente, um magistrado alegou que deixou de ouvir sua cliente porque a advogada parecia “uma bonequinha enfeitando a sala”.

De acordo com dados da Caarj, embora representem 49,4% da advocacia do Rio de Janeiro, as mulheres ganham 25% menos que os homens no Rio. E apenas 9 das 63 subseções da OAB no Estado contava com mulheres na presidência.

Mobilização ganhou redes

O trio, que nunca havia movido ações na seara das Fake News antes, aguarda uma análise de conteúdo de redes, feita voluntariamente por amigos de Marielle, para identificar grandes replicadores dos conteúdos falsos. Trata-se de pessoas com influência que fizeram as mentiras se espalharem pela rede, e que podem responder na esfera cível por suas publicações.

“As denúncias cresceram de maneira gigante. Nunca tínhamos visto um fenômeno desses, nem de propagação nem de resposta. É algo inédito”, afirma Samara.

A ideia das advogadas é que a Justiça determine a retirada de conteúdos falsos dos provedores assim como manda remover os pornográficos e íntimos, segundo o que está previsto no Marco Civil da internet.

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https://www.osul.com.br/no-caso-marielle-mulheres-coordenam-um-esforco-juridico-inedito-contra-as-noticias-falsas-na-internet/ No caso Marielle, mulheres coordenam um esforço jurídico inédito contra as notícias falsas na internet 2018-03-23
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