Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 6 de março de 2019
Nova Délhi foi a capital mais poluída do mundo em 2018, disseram nesta terça-feira dois grupos que monitoram a poluição ambiental em um estudo sobre a quantidade de material particulado fino, conhecida como PM2,5, em 61 capitais de todo o mundo.
A capital indiana, que abriga mais de 20 milhões de pessoas, foi seguida por Daca, capital de Bangladesh; e Cabul, capital do Afeganistão, segundo o estudo da IQ AirVisual, grupo sediado na Suíça que coleta dados globais sobre a qualidade do ar, e o Greenpeace.
O ar tóxico de Nova Délhi é causado pelas emissões veiculares e industriais, pelo pó de canteiros de obras e pela fumaça da queima de lixo e de resíduos de colheitas em campos próximos.
A concentração anual média de PM2,5 em um metro cúbico de ar foi de 113,5 na cidade em 2018, disseram os grupos no relatório, mais do que o dobro do nível de Pequim, que teve uma média de 50,9 durante o ano, o que a tornou a oitava mais poluída do mundo.
O PM2,5, ou partículas de 2,5 micrômetros ou menos de diâmetro, é perigoso porque pode se alojar profundamente nos pulmões.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) estabelece uma diretriz diária de qualidade do ar de 25 microgramas de PM2,5 por metro cúbico de ar.
Greenpeace fechou escritórios
Em fevereiro o grupo ambientalista Greenpeace informou ter sido forçado a fechar dois de seus escritórios regionais na Índia e pedir a saída de muitos de seus colaboradores, devido ao bloqueio de suas contas na esteira de acusações sobre doações ilegais.
O governo nacionalista do primeiro-ministro Narendra Modi aumentou a fiscalização sobre organizações não-governamentais nos últimos quatro anos, sob a justificativa de que muitas vezes elas agem contra os interesses indianos, revogando as licenças de milhares de grupos financiados com recursos estrangeiros.
Conhecido por sua campanha contra termelétricas a carvão na Índia, o Greenpeace está impedido de receber doações internacionais desde 2015. A agência de combate a crimes financeiros indiana congelou a principal conta bancária da organização em 5 de outubro.
Na ocasião, a organização disse que 40 de seus 60 postos de trabalho eram redundantes. Dois de seus escritórios regionais –na capital Nova Délhi e em Patna, no leste do país– foram fechados, disse o grupo em um comunicado.
Funcionários do Greenpeace em Nova Délhi e em Patna, bem como na cidade de Banagalore, no sul do país, foram convertidos em voluntários, disse o grupo.
“O governo pode somente congelar nossas contas e fechar nossos escritórios, mas o Greenpeace é uma ideia que nunca poderá ser extinta”, disse a organização.
Desde que Modi assumiu o cargo, em 2014, a Índia cancelou o registro de cerca de 15 mil organizações não-governamentais, aplicando uma legislação sobre contribuições internacionais.
Críticos dizem que o governo tem usado a lei como uma ferramenta para silenciar grupos que chamam atenção para o custo social do rápido desenvolvimento econômico e questionam o cumprimento dos direitos humanos no país.