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Por Redação O Sul | 29 de julho de 2017
Um estudo da Universidade Estadual de Ohio (EUA) identificou uma nova maneira potencial de diagnosticar o mal de Alzheimer e elaborar um atendimento personalizado aos pacientes. A equipe de pesquisadores descobriu biomarcadores que contribuiriam para a identificação de mudanças nas proteínas encontradas no fluido espinhal e no sangue dos doentes. À medida que a gravidade do Alzheimer aumentou, as proteínas tornaram-se mais longas, rígidas e agrupadas.
Depois de encontrar estes sinais, que dariam pistas sobre a presença da enfermidade, os cientistas inseriram informações sobre os biomarcadores e outros fatores – incluindo as avaliações cognitivas de pacientes – em um algoritmo projetado para avaliar a gravidade da doença.
Os pesquisadores descobriram que a equação poderia mostrar os estágios da doença e sua progressão.
“Com esta ferramenta, conseguiríamos prever o ritmo assumido pela doença no organismo, o que atualmente não é possível. Só sabemos que cada caso é diferente”, disse Mingjun Zhang, professor de engenharia biomédica em Ohio e autor principal do estudo, publicado na revista Science Advances. “Ao observar os múltiplos indicadores da doença, aumentamos nossa confiança em traçar um diagnóstico e os prognósticos.”
O levantamento foi realizado a partir da análise de um banco de dados de informações médicas – além de amostras de fluido espinhal e sangue – de pacientes vistos pelo coautor do estudo, Douglas Scharre, professor de neurologia clínica e psiquiatria de Ohio.
De acordo com Scharre, as ferramentas experimentais ainda não estão prontas para uso clínico, mas podem auxiliar de diversas maneiras a melhorar os tratamentos já disponíveis:
“Com esses biomarcadores, observamos facilmente as mudanças entre o envelhecimento normal e os diferentes estágios do mal de Alzheimer.”
Hoje, os medicamentos disponíveis tratam apenas de sintomas da doença e funcionam melhor com um diagnóstico precoce. As ferramentas de diagnóstico aprimoradas podem ajudar os médicos a identificar mais rapidamente quais pacientes sofrem com a enfermidade e quais estão sofrendo declínio cognitivo por outros motivos.
Os exames realizados pela equipe de Zhang indicam que as novas ferramentas funcionariam melhor se fossem aplicadas nos estágios iniciais da doença.
A expectativa é que os biomarcadores e algoritmos acelerem a descoberta de novos tratamentos que melhorem as perspectivas dos pacientes que estão em estágios posteriores do mal de Alzheimer. Segundo Scharre, a presença de um biomarcador facilmente observável, e que muda rapidamente ao longo do tempo, seria uma ferramenta poderosa para monitorar o impacto dos tratamentos experimentais.
“Seria muito útil ter um biomarcador que mostrasse em três meses, ou mesmo em três semanas, que uma droga não está diminuindo a doença”, considera Scharre. “Isso nos ajudaria a não perder tempo e a procurar tratamentos melhores.”
Zhang pondera que os médicos já tentam coletar uma série de dados sobre pacientes com mal de Alzheimer. Desta forma, tentam estimar o estágio da doença e prever a rapidez com que ela se moverá.
“Usamos os métodos que eles desenvolveram e convertemos em um modelo computacional com diferentes pesos para diferentes fatores”, revela Zhang. “Estamos usando técnicas de engenharia para analisar o processo dinâmico assumido por uma doença humana.”
A identificação de mudanças físicas nas proteínas é uma área que desperta o interesse dos cientistas que procuram biomarcadores de doenças. Os autores do levantamento sublinham que ainda é cedo para estimar o custo dessas ferramentas, caso elas fossem aplicadas rotineiramente. O uso de um exame de sangue – em vez de outro que dependa de fluido espinhal – seria fundamental para minimizar os riscos.
Coautor do estudo e professor de química e farmacologia, Jeff Kuret destaca que esse tipo de teste é especialmente promissor para o mal de Alzheimer porque se trata de uma doença de movimentação relativamente baixa. Outro objetivo é que ele não seja “tão caro”:
“Ser capaz de acompanhar pacientes individuais em todos os estágios da progressão de Alzheimer seria incrivelmente útil”, ressalta. (AG)