Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 25 de maio de 2017
O acordo de delação de Joesley Batista pode ter seus benefícios anulados se as investigações sobre compra de dólares e venda de ações pelo grupo concluírem que houve crime nas operações, segundo três especialistas ouvidos pela Folha de S.Paulo.
O rompimento do acordo em caso de novos crimes está previsto em documento assinado por Joesley com a Procuradoria-Geral da República. Se isso ocorrer, ele terá de responder pelos novos crimes, mas as informações sobre corrupção reveladas pela empresa não são anuladas e continuam a ser apuradas em inquéritos da Polícia Federal.
A JBS é alvo de cinco investigações da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que regula o mercado financeiro, por ter comprado 1 bilhão de dólares e vendido ações antes de o acordo de delação ter sido revelado pelo jornal O Globo nesta semana.
A bomba política fez o dólar subir 8,15% na quinta-feira de semana passada, maior alta registrada em 18 anos. Esse montante de 1 bilhão de dólares comprado antes pelo grupo rendeu ao menos 80 vezes mais. No mês anterior à assinatura do acordo, o grupo havia vendido 328,5 milhões de reais em ações. Desde a última quarta-feira, as ações da JBS perderam 31% de seu valor na Bolsa, mas registraram alta de 22% nessa quinta-feira, após a notícia extraoficial de que o grupo venderia empresas como a Alpargatas.
A CVM apura se foi cometido o crime de insider trading, ou seja, o uso de informações privilegiadas para negociar ações. Só nessas duas operações, o ganho da JBS foi de 364 milhões de reais – 114 milhões de reais acima da multa, estipulada em 250 milhões de reais. No cômputo geral, porém, os irmãos Batista perderam 7,8 bilhões de reais neste ano, já que as ações do grupo desvalorizaram 42,3% no período. A família detém 44,15% do controle acionário.