Política O aumento de impostos não vai controlar a inflação, dizem consultorias
Por Redação O Sul | 22 de julho de 2017
O aumento de tributos sobre os combustíveis, que entrou em vigor na sexta-feira, terá impacto momentâneo sobre a inflação, não devendo fazer o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) fechar o ano acima do centro da meta, de 4,5%. A avaliação é de consultorias e de especialistas.
As projeções variam, mas a inflação oficial deverá encerrar 2017 quase um ponto percentual abaixo do centro da meta. O aumento de alíquota do PIS (Programa de Integração Social) e da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) sobre a gasolina, o etanol e o diesel tem efeito cascata sobre outros preços, como frete, transporte público e alimentação. Mesmo assim, os economistas avaliam que o impacto será marginal na inflação do ano.
Em relatório, a Tendências Consultoria informou que o reajuste de tributos terá impacto de 0,63 ponto percentual no IPCA em julho e agosto. Para 2017, a estimativa para o IPCA passou de 3,6% para 3,8%.
Outras projeções, no entanto, preveem que o efeito da medida é temporário e que a pressão sobre o nível geral de preços se diluirá nos próximos meses. O banco de investimentos Haitong alterou a estimativa de inflação para este ano de 3,6% para 3,7% após o reajuste dos combustíveis.
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas informou que a inflação oficial deverá fechar o ano entre 3,3% e 3,5%. De acordo com a entidade, as novas alíquotas sobre a gasolina, o diesel e o etanol terão impacto de 0,4 ponto percentual sobre o IPCA, mesmo com a influência indireta sobre outros setores da economia.
Na próxima segunda-feira, o Banco Central, divulgará a nova previsão das instituições financeiras para a inflação oficial este ano. Até a semana passada, o Boletim Focus, pesquisa semanal feita pela autoridade monetária com especialistas de mercado, apontava estimativa de 3,29% para o IPCA este ano, próximo do piso da meta: 3%. O aumento dos combustíveis veio em um momento em que a inflação está em queda.
Nos 12 meses terminados em junho, o IPCA acumulava 3%, no nível mais baixo da história, registrando variação negativa para o mês de 0,23%. Na quinta-feira, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o IPCA-15, que funciona como prévia da inflação oficial, registrou 2,78% no acumulado de 12 meses terminados em julho e deflação no mês de 0,18%, a menor taxa em quase 20 anos.
Indústria protesta
Entidades empresariais como a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) e a Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) condenaram o aumento das alíquotas do PIS/Cofins para gasolina, etanol e diesel. . Para a Firjan, a saída para a crise fiscal não é elevar a quantidade de impostos, mas sim adequar os gastos públicos, principalmente, por meio de reformas. Segundo a Federação, a elevação das taxas acabaria por dificultar o cenário industrial, sendo necessário, portanto, a criação de um teto para impostos no país.
“Ficamos indignados com o anúncio. Aumentar imposto não vai resolver a crise; pelo contrário, irá agravá-la bem no momento em que a atividade econômica já dá sinais de retomada, com impactos positivos na arrecadação em junho. Todos sabem que o caminho correto é cortar gastos, aumentar a eficiência e reduzir o desperdício”, defendeu o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, em nota.
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