Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 2 de novembro de 2017
O Banco Central e as administradoras de cartões de crédito lançaram uma campanha para o uso consciente. Dois em cada dez consumidores dizem que recebem a fatura com valor maior do que poderiam pagar.
Em uma sala de aula, todos estão aprendendo a não perder as contas. No Procon de São Paulo, as palestras orientam quem está com dívidas atrasadas. Uma das principais é a do cartão de crédito. Quando tudo aperta, é uma tentação pagar a parcela mínima e empurrar até o mês seguinte.
Das pessoas que chegam, 60% perderam o controle das contas por causa do desemprego, de gastos com tratamento de doenças e de queda na renda. São fatores que pegam a gente de surpresa, mas uma parcela grande dos superendividados poderia ter evitado essa dor de cabeça se tivesse se planejado para não estourar o limite do orçamento. E estourar orçamento com a taxa de juros cobrada no Brasil é muito perigoso.
No caso do cartão de crédito, os juros do rotativo chegam a quase 230% ao ano, segundo o Banco Central.
O Banco Central até mudou em abril as regras para evitar aquelas dívidas de bola de neve. O mínimo que a gente tem que pagar é 15% do total da fatura. Em uma conta de 500 reais, dá para pagar 75 reais no vencimento. Se não pagar o resto no mês seguinte, o banco tem que oferecer uma linha de financiamento com juro menor, mas aí vem com todos os encargos somados: juros, IOF, multa. Se não tiver planejamento logo a gente se afunda.
“Tem que ter uma planilha, coisa que nós não fazíamos. Aleatoriamente gastávamos e então chegou a esse patamar que está sufocante”, contou o aposentado Edson Costa.
O cartão de crédito pode ajudar se for usado com controle, de olho no vencimento. Segundo pesquisa da associação do setor, de cada cem pessoas que usam o cartão, cinco entram no rotativo.
“Boa parte das pessoas que erram em planejamento emprestam o seu cartão de crédito, portanto, o seu nome e o seu crédito”, disse Fernando Chacon, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Cartões de Crédito.
Gabriela não tem nenhuma dívida. Foi aprender na palestra a se manter desse jeito por muitos anos. “Geralmente eu tiro um pouquinho e guardo. Outro eu pago o que tem que pagar para manter sempre um controle. O sonho é comprar um imóvel”, afirmou a estudante Gabriela Soares, de 18 anos.