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Brasil O Banco Central vem baixando a taxa básica de juros, mas ainda assim, ela é alta, 8,25%, quando comparada aos juros americanos, de 1% a 1,25% ao ano

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A pessoa chega a pagar o dobro por um bem. (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)

Uma pessoa comprou em julho uma televisão de 43 polegadas, com tecnologia 4K, em 14 prestações de R$ 347 numa grande rede varejista.

À vista, o aparelho custa R$ 2.400, mas, financiado, o valor sobe a R$ 4.800 ao fim do prazo. Embora a prestação seja razoável, a taxa de juros mensal embutida no crediário é de 11,18%, o que equivale a 256,71% ao ano, mais de 30 vezes maior que a taxa básica de juros (Selic), hoje em 8,25%. Na prática, a pessoa comprou uma TV, mas vai pagar por duas.

Esse é um retrato da situação do mercado de crédito no Brasil, segundo pesquisa da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças). Embora haja sinais de melhoria, na década passada, dos cinco principais indicadores do segmento, três pioraram. Os juros, o spread (diferença entre o custo do dinheiro para o banco na captação e quanto ele cobra do consumidor) e a inadimplência subiram. Houve melhora só no volume de recursos ofertados e nos prazos de financiamento.

“Os juros e os spreads elevados, a maior seletividade dos bancos, a inadimplência e a pouca oferta de recursos ainda tornam a qualidade do crédito ruim no Brasil. Os juros cobrados na compra da TV são absurdos”, diz o diretor de Pesquisas Econômicas da Anefac e responsável pela pesquisa, Miguel Ribeiro de Oliveira.

O levantamento da Anefac mostra que o estoque de crédito contratado subiu de 32,3% do PIB para 48,5% até junho (de R$ 1,076 bilhão para R$ 3,078 bilhões, um salto de 183%). Mesmo com mais dinheiro disponível para empréstimos, o patamar é muito baixo quando comparado a países desenvolvidos, como EUA, Japão ou nações da Europa, onde o estoque de crédito passa dos 100% do PIB. No Brasil, a proporção de crédito em relação ao PIB já chegou a superar os 50%, em 2012, mas regrediu com o aumento da inadimplência e do desemprego, levando os bancos a ficarem mais seletivos na hora de emprestar.

Outro indicador positivo citado no estudo da Anefac é o crescimento no número médio de prestações, ampliado de 13,5 para 53,8 meses para pessoa física, nos últimos dez anos. Mas a taxa de juros média cobrada nos empréstimos subiu no período, sobrecarregando o consumidor que opta pelos parcelamentos mais longos. Os juros saltaram de 37% para 46,1% ao ano, alta de 9,1 pontos percentuais.

“O Banco Central vem baixando a taxa de juros (Selic), mas, ainda assim, ela é alta (8,25%) quando comparada aos juros americanos (de 1% a 1,25% ao ano) ou de alguns países europeus, onde a taxa é negativa”, observa Luiz Rabi, economista-chefe da Serasa Experian.

Considerando o juro cobrado de pessoas físicas, na última década, a taxa saltou de 48,4% ao ano em 2007 para 63,3% atualmente, alta de 14,9 pontos percentuais, diz a Anefac. O ganho dos bancos ficou mais gordo. O spread anual cresceu de 26,1% para 36,5% ao ano, alta de 10,4 pontos percentuais. Considerando só pessoas físicas, o salto foi 15,8 pontos percentuais, de 37,7% para 53,5%.

“O spread continua alto porque cresceu a inadimplência, o que aumentou o risco dos bancos nos empréstimos. Nos últimos anos, com muitas empresas investigadas, os bancos tiveram perdas e aumentaram as provisões”, diz Ribeiro de Oliveira.

A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) não explicou por que os juros cobrados do consumidor ainda são tão elevados.

Em setembro, o BC divulgou sinais de estabilização nos indicadores de crédito no segundo semestre. A concessão de crédito para pessoa física, em agosto, subiu 0,6% em relação ao mesmo período de 2016, depois de 38 meses no campo negativo. Os destaques foram o crédito consignado, os financiamentos de veículos e o cartão de crédito à vista. No mês passado, as concessões do consignado avançaram 11%, no ano crescem 25%.

“É a linha de empréstimos que tem a taxa de juro mais baixa, pouco acima de 2% ao mês. Mas é a linha de crédito com menos risco para o banco, já que tem o salário do cliente como garantia”, diz o diretor da Anefac.

Para este ano, o BC estima que o mercado de crédito tenha crescimento zero, o que significa contração em termos reais, já que a inflação ficará em torno de 3%. No ano passado, o estoque de crédito recuou 9,2%.

Na avaliação de especialistas, a recuperação do crédito começa a acontecer, mas de forma gradual. Para Rabi, da Serasa Experian, o consumo está voltando a ser financiado por causa da queda de juros e da melhora no mercado de trabalho. E a inadimplência mostra queda, o que ajuda a reduzir o risco dos empréstimos.

Mesmo assim, preveem os especialistas, o Brasil levará anos para ter condições de crédito mais próximas de outros países. Para isso, a trajetória de queda de juros deve continuar, e os bancos terão de emprestar mais. A inflação terá de continuar controlada e o risco-país recuar ainda mais, afirmam os analistas.

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