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Colunistas O boné, a argola e a tatuagem

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Será que o boné virado, a argola no nariz e a tatuagem só significam quero ser notado como “diferente”? (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Somos nós que escolhemos o que queremos e o que não queremos?

Porque vivemos numa democracia (que se fundamenta nas liberdades individuais e, reciprocamente, assegura que elas sejam respeitadas) a nossa vontade exercita mesmo livremente o seu direito de escolher? Podemos instrumentalizar o exercício desse direito potencial, desde que não signifique atropelo as permissões e/ou desrespeito as proibições constantes nas leis e, sobretudo, na Constituição Federal?

E a lei – inclusive a Carta Magna – de onde retira sua força impositiva para fixar marcos e espaços, ao mesmo tempo inibidores ou estimulantes?

É verdade que a força de uma norma decorre da legitimidade que detém quem a edita?

Sendo livres os cidadãos, lhes caberá, respeitando a regra de ouro operacional da democracia (a maioria prevalece, no decidir, sobre a minoria, assegurando-se a esta o direito de crítica e de fiscalização) ser sujeitos, obviamente, ativos do processo?

Creio que não há como – ao enfrentar um desafio intelectual – passar desatento sobre o Livre Arbítrio, a seiva que irriga o querer ou não-querer. Todos a trazemos durante nossa própria gestação (posição dos livre arbitristas radicais) ou passamos a te-la com o primeiro sopro de vida?

Ihering Jellineck e outros, apesar de argumentos valiosos na defesa do Livre Arbítrio viram-se diante de uma proposta contrária: o determinismo de Taine.

Há, na própria discussão do que é e para que é o Direito, um entendimento que o Livre Arbítrio seria o fundamento psicofilosófico do Direito Natural. Não é totalmente lógico?

De qualquer maneira o Livre Arbítrio (a meu juízo) é quem nos deu (e dá) o pensar, a melhor das virtudes intelectuais do ser humano que lhe permite programar, projetar, avaliar, criticar ou aplaudir: temendo a Morte e saudando a Vida.

É o Livre Arbítrio cercado e cercando o protagonismo agressivo dos seres humanos, movidos pelo apelo de querer mais, mais e sempre mais, porque nascemos com ele e morremos com ele, o responsável por esse perfil e pelo tal modo de agir de cada um de nós? Ou tal atribuição é uma demasia?

Será que a atualidade com esse mudar incontido – em velocidade que, na História, jamais se poderia sequer imaginar – questionando preceitos, hábitos, enfim, até dogmas, que pareciam vocacionados à perpetuidade, estará satisfeita com um ajuste transitório ou exigiria a ruptura definitiva?

Por isso, a cada dia e no espaço de cada um, decisões são tomadas: são exclusiva e genuinamente minhas ou são frutos das circunstancias que me cercam?

O reagir – às vezes, inesperado – ao convívio rotineiro, antes aberto e atrativo, hoje sucedido (ou substituído) pelo equipamento tecnológico (multifuncional) é contestação do indivíduo, querendo liberar-se da monotonia do mesmo “prato feito”, sustentado pelo argumento do “sempre foi assim…”?

Será que o boné (novo símbolo?) virado, a argola no nariz, o quase ininteligível – especialmente para os não iniciados – linguajar sincopado, a preferência submissa pela companhia do pequeno e multifuncional aparelho que “antigamente” se chamava celular, a tatuagem, que tanto mostra como esconde, com dragões e com juras de amor que duram a eternidade de um solstício e tantos outros procedimentos, só significam quero ser notado como “diferente” ou querem dizer que estou na linha de frente pela mudança radical?

Será que lutando contra certas posturas as personagens do novo tempo querem nos dizer que o seu propósito não é apenas fantasia passageira, mas mensagem múltipla de quem está chegando descomprometido com o que era (e talvez ainda seja) mas deixará de ser?

Será que estão a mostrar – e desconfiam que não entendemos (ou não queremos entender) – o traçado preliminar de uma nova sociedade, que não sabem como será e como se fará, mas sabem que será diferente da atual, que – como acusação – dizem ser “só nossa” e, por isso, estar agônica. Será?

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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https://www.osul.com.br/o-bone-argola-e-tatuagem/ O boné, a argola e a tatuagem 2018-02-09
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