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Por Redação O Sul | 24 de novembro de 2017
Dados do Relatório de Monitoramento Clínico do HIV, do Ministério da Saúde, divulgados nesta sexta-feira (24) apontam que o Brasil obteve avanços no diagnóstico, tratamento e controle do vírus nos últimos quatro anos. Até 2016, o país tinha 84% das pessoas diagnosticadas com o vírus em tratamento. O documento avalia metas da ONU (Organização das Nações Unidas) para 2020.
Com dados de 2012 a 30 de junho de 2017, o relatório mostra que o Brasil aumentou em 18% o índice de diagnóstico de pessoas portadoras do vírus HIV e, em 15% a quantidade de soropositivos que fazem tratamento médico regular.
Os percentuais, segundo o ministério, não representam um aumento real no número de infecções, mas “indicam que as novas tecnologias de testes rápidos têm aumentado a cobertura”, explicou Adele Benzaken, diretora do Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis IST, HIV, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.
“O Brasil, na questão do 90/90/90 está hoje com 84% de pessoas diagnosticadas em cima do estimado. A 6 dígitos para atingir a primeira meta.”
De acordo com o plano da ONU, os países signatários devem chegar a 2020 com 90% das pessoas que vivem com HIV testadas. Destas, 90% precisam ter aderido à profilaxia, ou seja, ao tratamento médico continuado, e destas, 90% devem estar com a carga viral zerada no sangue – isso atestaria a eficácia dos medicamentos. “O ministério reconhece que pessoa com carga viral indetectável não transmite o vírus HIV”, disse Benzaken.
Avanços
O Ministério da Saúde estima que 830 mil brasileiros tenham HIV. Segundo o relatório da pasta, 84% foram diagnosticadas com o vírus – o equivalente a 694 mil pessoas – e 72% estão em tratamento. Destas, 91% já estão com carga viral suprimida, as chamadas “pessoas indetectáveis”, que, segundo Benzaken, não transmitem o vírus.
“Essas pessoas em tratamento estão no sistema público de saúde, com recurso nacional. Em qualquer outro país do mundo com esse quantitativo de pessoas, há financiamento externo”, destacou Adele Benzaken. “E isso só acontece no Brasil, porque a lei garante que toda pessoa infectada tenha acesso ao tratamento.”
Além da Meta 90/90/90, também é intenção do governo federal que o Brasil elimine a Aids até 2030. Segundo Benzaken, para isso acontecer é preciso que atingir taxas mínimas de contaminação viral no País, que pode ser alcançada tanto por políticas de prevenção ao vírus, quanto pelo tratamento regular, que reduz a carga viral no sangue. “A erradicação só vai acontecer quando tivermos uma vacina.”
Alerta
A América Latina vive um aumento no contágio do vírus causador da aids entre mulheres e homossexuais, um fenômeno causado pela violência e a discriminação contra estes segmentos, alerta a ONU. “O crescimento no número de contágios ocorre em mulheres jovens e homens homossexuais, que vivem a mesma situação de discriminação. As pessoas que são discriminadas se escondem da sociedade e não participam de programas de prevenção”, disse o médico brasileiro Luiz Loures, diretor adjunto da Unaids.