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Mundo O brasileiro Carlos Ghosn diz que é inocente e acusa diretores da Nissan de traição

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Ghosn publicou um vídeo no Twitter. (Foto: Reprodução/Twitter)

Carlos Ghosn, ex-presidente da Renault-Nissan, repetiu que é inocente em um vídeo divulgado nesta terça-feira (9) e gravado antes de sua detenção, ao mesmo tempo que acusou os diretores da Nissan de “traição”.

O principal advogado do executivo, Junichiro Hironaka, anunciou que apresentará na quarta-feira um recurso à Suprema Corte para solicitar a libertação de seu cliente.

“Não é uma história de ganância, de ditadura de um homem. É uma história de complô, de conspiração, traição”, declarou Ghosn, em inglês.

Os nomes dos diretores citados por Ghosn foram cortados da edição, a pedido de seus advogados.

“Sou inocente, esta é minha primeira mensagem. Não é algo novo, eu já afirmei: sou inocente de todas as acusações”, insistiu no início da gravação, divulgada durante uma entrevista coletiva de seu advogado.

Ghosn reiterou que as acusações são um “complô” contra ele. “Havia medo de que na próxima etapa da aliança a autonomia da Nissan seria ameaçada”, disse, antes de recordar que sempre foi um “ferrenho defensor da autonomia”.

Ghosn enfrenta no Japão três acusações fundamentais: as duas primeiras se referem ao alegado desvio de quase US$ 80 milhões (R$ 308 milhões) e às manobras para esconder os recursos dos próprios acionistas.

A terceira acusação diz respeito à tentativa de transferir para a Nissan dívidas pessoais.

O empresário, detido em novembro, foi libertado após o pagamento de fiança, mas na semana passada foi novamente detido.

Os promotores japoneses acreditam que Ghosn desviou recursos da Nissan que totalizam US$15 milhões entre o fim de 2015 e meados de de 2018, e que utilizou quase US$ 5 milhões em benefício próprio.

História controversa

Nascido no Brasil, filho de libaneses e formado em engenharia na França, Carlos Ghosn (pronuncia-se Gôn) tornou-se um dos maiores executivos do século. Foi o único a presidir, ao mesmo tempo, duas empresas da lista das 500 maiores da revista Fortune: Renault e Nissan — e, depois, também Mitsubishi e Autovaz. Nas mãos de Ghosn, o grupo se tornou o maior fabricante de automóveis do mundo, no ano passado, com 10,6 milhões de unidades.

Nasceu em Porto Velho, em Rondônia, em 9 de março de 1954. Deixou o Brasil um ano depois, ainda bebê, por problemas de saúde. Formou-se na França, com diplomas de engenharia na École Polytechnique (1974) e na École des Mines (1978). Ghosn é fluente em português, inglês, francês e árabe. Fala um pouco de japonês.

Na fabricante de pneus francesa Michelin, entrou como trainee e subiu. Aos 30 anos, voltou ao Brasil, para dirigir a operação da empresa. Aos 34, virou diretor-executivo da Michelin nos Estados Unidos. Trocou a Michelin pela Renault, em 1996, com a ambição de se tornar CEO quando o chefão Louis Schweitzer se aposentasse. Após fechar uma fábrica na Bélgica e dispensar 3.300 funcionários, ficou conhecido como Le Cost Killer (o matador de custos).

O grande salto de Ghosn começou em 1999, quando foi transferido para o Japão, a fim de chefiar o investimento que a Renault tinha feito na Nissan – então, à beira da falência, perdendo dinheiro há oito anos seguidos. Quando Ghosn propôs à Renault dobrar a aposta na marca japonesa – assumir as dívidas e investir US$ 5,2 bilhões, o então vice-presidente da General Motors, Bob Lutz, disse que seria mais prático empilhar uma montanha de barras de ouro em um navio e afundá-lo no oceano.

Em três meses, Ghosn anunciou o corte de 20 mil funcionários, o fechamento de quatro fábricas e a adoção do inglês como língua oficial dentro da empresa. Para o Japão, foi um escândalo. Montadoras de carros, como a Nissan, são tradicionalmente dirigidas por japoneses. Tradicionalmente, mantêm com os funcionários uma relação de fidelidade para a vida inteira. Ghosn rompeu as tradições e prometeu dobrar a margem de lucro dentro de três anos. Conseguiu antes do prazo. Em 2003, prometeu aumentar as vendas em um milhão de carros e zerar as dívidas. Bateu a meta de novo. De Cost Killer, tornou-se conhecido como “The Fixer” (o consertador), herói de quadrinhos e eleito o Marido Mais Desejável no Japão.

A meta de assumir a presidência da Renault também foi superada. Quando Louis Schweitzer se aposentou, em 2005, Ghosn acumulou a chefia das duas montadoras. As visitas ao Brasil foram esporádicas, como as Olimpíadas de 2016 (patrocinadas pela empresa). Ghosn carregou a tocha olímpica.

Quando a Mitsubishi Motors foi pega fraudando os testes de emissão e poluentes, em 2016, Ghosn salvou a empresa – e aumentou o império. O grupo Renault-Nissan-Mitsubishi-AutoVaz fechou 2017 como a maior montadora do mundo, pela primeira vez na história.

No ano passado, Ghosn deixou a chefia da Nissan, mas mantinha o comando do grupo. A prisão aos 64 anos, por acusação de fraude, passou a ser um capítulo surpreendente para uma biografia extraordinária.

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https://www.osul.com.br/o-brasileiro-carlos-ghosn-diz-que-e-inocente-e-acusa-diretores-da-nissan-de-traicao/ O brasileiro Carlos Ghosn diz que é inocente e acusa diretores da Nissan de traição 2019-04-09
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