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Colunistas O capitalismo e a Nova Economia

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Bitcoins: mineração rende muito dinheiro e movimenta mercados. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A Nova Economia chegou. O termo, que está cada vez mais em voga, se refere à atual dinâmica econômica na qual estamos inseridos. Mudanças disruptivas, evolução tecnológica exponencial, impressoras 3D, indústria 4.0, carros autônomos, inteligência artificial, realidade virtual e aumentada, blockchain, criptomoedas, internet das coisas, empresas e empregos tradicionais sumindo enquanto outros surgem… isso tudo faz parte da Nova Economia.

A rápida e acelerada exposição que estamos sofrendo a todas essas tecnologias pode dar a falsa impressão de que estamos entrando em um tipo de sistema econômico completamente novo. Mas isso não é verdade. O sistema é o mesmo que nos propiciou prosperidade e riqueza nos últimos anos: o capitalismo. O que acontece hoje é que esse capitalismo está cada vez mais próximo do seu ideal de livre mercado, pois o Estado não consegue acompanhar o ritmo exponencial das tecnologias, enquanto as dinâmicas de relacionamento e cooperação estão cada vez mais tangíveis para a sociedade. Assim, alguns pilares da natureza capitalista têm ganhado cada vez mais força: diminuição do poder do Estado (mesmo contra a sua vontade), afirmação da soberania do consumidor e a valorização do empreendedor e de suas criações.

Deixe-me exemplificar melhor o parágrafo anterior. Quando Mises e outros autores austríacos teorizaram acerca da dinâmica capitalista, talvez tenham parecido desconexos com a realidade. Isso acontece pois, apesar de o funcionamento da economia se manter igual, no que tange a sua natureza, hoje é muito mais fácil enxergar os resultados do capitalismo na prática. Por exemplo: falar em soberania do consumidor em uma época na qual grandes marcas dominavam completamente seus mercados e o consumidor não tinha voz é uma coisa, enquanto falar dessa soberania em uma época na qual a competitividade não só entre marcas, mas também entre produtos substitutos e alternativos, é gigante e global, e na qual o consumidor tem a ferramenta da internet para pesquisar, comparar e facilitar sua decisão, além das redes sociais para empoderá-lo, é outra completamente diferente. No momento em que essa soberania está claramente compreendida, que é o que acontece na Nova Economia, o mindset das empresas passa a ser tratar cada cliente como seu novo chefe, e “being user centric” torna-se imprescindível para qualquer organização que queira sobreviver.

Com essa mudança de pensamento por parte das empresas e o foco cada vez maior em resolver os problemas dos seus clientes, a percepção destes com relação às empresas e aos empreendedores também mudou. Hoje a lógica é muito mais de cooperação e até cocriação. Muitos clientes inclusive criam senso de comunidade e lealdade com as empresas com cujos propósitos se alinham. Um exemplo legal de cocriação no Brasil é o da Camisetaria. Lá você pode desenhar estampas para a marca e, caso a sua seja escolhida, além de receber uma remuneração em dinheiro, você ganha créditos para comprar camisetas no site. Por conta de interações como essa e propósitos cada vez mais claros e alinhados com o dos clientes é que os empreendedores estão deixando de ser vistos como empresários exploradores e passando a ser admirados. A vontade de empreender por parte dos jovens também é cada vez maior. O problema é que muitas vezes essa vontade esbarra na coerção do Estado.

No entanto, como mencionado, mesmo as intervenções do Estado vêm perdendo força, e a tendência é que percam cada vez mais, ao menos no que tange a esse espectro de novos empreendimentos e tecnologias. Vejamos o exemplo do Uber. Primeiramente o Estado tentou proibir o uso do aplicativo, mas, como viu que não iria funcionar, teve de se render e apenas “regular”. Hoje temos uma infinidade de aplicativos de mobilidade à nossa disposição e um serviço muito melhor e mais barato do que o antigo (táxi). Além disso, o motorista também foi favorecido, pois, se antes ele era um empregado do dono da licença do táxi, hoje ele pode ser seu próprio chefe, basta querer correr o risco. Várias empresas e tecnologias seguiram essa mesma lógica, sendo que o embate mais recente é em torno das criptomoedas. É notável que na Nova Economia o Estado passe a ter cada vez menos “gerência” sobre as empresas, não por vontade própria, mas por falta de opção, uma vez que elas estão gerando esse senso de “desobediência civil” nos consumidores, que não ligam para o fato de aquilo ser proibido ou permitido legalmente, desde que seja moral e esteja resolvendo o seu problema de forma eficiente.

Assim, a Nova Economia na verdade não tem nada de nova. O que acontece na verdade é que estamos passando por um processo de aperfeiçoamento do capitalismo, que cada vez mais se aproxima da sua essência, de forma a cumprir o propósito que rege toda a ação humana. Ou seja, sair de um estado de menos desconforto para um estado de mais conforto, ou, melhor dizendo, gerar cada vez mais riqueza e prosperidade para todos.

Victoria Jardim, engenheira e associada do IEE

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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https://www.osul.com.br/o-capitalismo-e-a-nova-economia/ O capitalismo e a Nova Economia 2018-09-20
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